quarta-feira, 12 de setembro de 2012

As curvas

As curvas que desaparecem de nossas vistas o que nos contam?
Ainda ontem corria como menino na ilusão que a vida tudo podia me dar.
Ia dormir a noite feliz com a possibilidade de ter um novo brinquedo,
na ilusão de não ter o que fazer e ficar sem ter o que fazer o tempo todo,
apenas divagando em meus pensamentos.
Como eram ricos os meus pensamentos de criança,
tão criativo quanto um escritor inglês,
mas com nordeste como cenário.
No inverno quando tudo era verde e florido cheirava ou rasgava flores sem
nada entender daquelas estruturas. Ah, beleza das flores sempre foi real e me encantou.
Corria para o mato, caçava, corria para as goiabeiras e degustava da vermelha doce goiaba.
No verão adorava o cheiro doce da flor do caju, seus frutos...
Sem contar como eram boas as festas juninas, soltar traque... Ano que vem vai ser melhor
vou ter dinheiro para comprar mais que João de Daleia.
E no fim do ano, catava castanhas pra ter o trocado da festa.
Ano que vem vou ter mais dinheiro que é para comprar um brinquedo bem bom...
Os anos se passaram e as coisas ganharam nomes e os nomes revelaram a realidade da vida.

As curvas se revelaram, ficaram para trás.
Hoje vejo tudo tão real e tudo é tão sem gosto...
Os padres e médicos morrem e são gente.
Milagres, se existem nunca me aconteceu.
As curvas só falam a quem busca algo...
ou são apenas curvas de um círculo.

Um comentário:

  1. Fotos de curvas? Guardam a imagem, mas não o sentimento do que ficou para trás, da lição aprendida, do sentimento sentido, da esperança perdida, do riso contido...
    Já passei também por muitas curvas...
    Ótimo texto! Parabéns!
    Anderson

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