quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O café

Um cafezinho.

Nunca vai chegar numa casa no nordeste em uma casa em que o dono gentilmente não ofereça um cafezinho. Começa assim você chega, num calor dos diabos, se apresenta, e pede um copo d'água. Antes as crianças eram muito tímidas ficavam escondidas até que os pais atendiam ao visitante, aos poucos como, animais de estimação, repentinamente florava de meninos e meninas nas portas e janelas, sim porque as famílias eram enormes. Casa de chão batido, tijolo a vista, e tamburete pra sentar, água fria logo trazia a mãe, enquanto o pai alinhavava uma conversa. E sem perguntar pra visista se desejava um café o marido falava pra mulher fazer aquele café. Debaixo de tanto calor um café faz muito bem, pois a cafeína ativa os músculos. Hoje se voce chega numa casa no nordeste, com o luz para todos, não tem esse lugar que não tenha eletricidade. Quando voce chega, os meninos não se escondem mais não, são todos sabidos, são contados, no máximo três, porque criar hoje está difícil os pais pensam que os filhos tem futuro e não servem de mão de obra, pensamento, retrogrado. Os filhos já chegam falantes, pois aprendem de tudo na novela, até beijar na boca sem ter vergonha. Sim porque os meus primeiros beijos sempre eram as escondidas de minhas irmãs, mãe, pai ou família tinha vergonha, os filhos cheios de pergunta, mais parece serem reporteres, tem que se preparar senão é taxado logo de matuto. Então chama voce pra sentar, trazem água gelada, é todo mundo com o bolsa família, bolsa maternidade, ganha uns trocos e compra parcelados nas paraibanas seus eletrodomésticos. E trazem um café se tiver doce, vai de doce e o café sim aquele café. Santa Clara viu se não for essa marca, não presta, foi-se a época de café quimimo. Bem se voce não toma café oferecem um doce ou o que tiver e ai de voce não aceitar, isso é desfeita.
Mas nem sempre foi assim quando era pequeno era viciado em café com leite e o engraçado é que tomava café com leite no prato, porque o líquido esfriava rápido. Na época do Sarney que a inflação estava nas alturas, imagina que o povo vendia até galinha pra por na poupança, teve gente que achou que ia ficar rico lá em serrinha, vendeu até a última galinha, veio Collo e comeu tudo, enfim a coisa estava muito feia. Café quase ninguém podia comprar, vi várias modas, gente fazendo café de milho, até de canavalha. Era bebi lá em dona Francisca de seu Mundim café de milho. Então pra não ficar sem café papai comprava nescafé e eu gostava. Não percebia diferença. Tempos brabos. Aqueles. Mas enfim o café sempre fez parte do quotidiano nordestino. Na casa de minha tia que parecia uma creche, nunca vi tanto filho e neto, lá era pra mais de cinco pacotes por semana, os meninos eram viciados, no café, voce via os meninos bebendo café e chupando a língua pra saborear o gostinho finito do café. Quando ia lá pra tia Nina já sabia, que ia demorar, pois era dois cafés um na chegada e outro na saída. Nunca vi pessoa mais agradável até Conforça almoçava lá. Sempre o café fez e faz parte da cozinha nordestina. Não sei se é bom ou ruim, talvez não seja um café colombiano, mas cada um tem sua forma de prepará. Garanto que não é um chafé.

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