sábado, 16 de abril de 2011

Manhã

Desponta no horizonte a brisa fria da manhã.
Sublime vem doce mente chegando as gramas,
suavemente tocando, e faz meus pelos arrepiar,
e o meu olhar a vagar no horizonte que aos poucos
ganha cor, forma e alma. A brisa traz o cheiro do mundo,
o frio da noite passada. E o sol que desperta
lentamente feito gigante, e toma conta de
tudo que vejo. E revela a beleza da natureza,
revela todas as sutilezas que minha vista não conseguia
enxergar, ajuda-me a distinguir a beleza
das formas, e me ensina como me ensina sobre o
mundo, me ensina que a maior parte
das plantas são verdes, que em dia
sem chuva o céu é azul, que a natureza
parece desorganizada, que muitas coisas
que muitas coisas que cheiram são mais belas,
que tem sabores são belas também,
são mais bela quando vistas,
como as flores, como os frutos,
Ah, quando o sol nasce, feito um
deus, aurora sai ao mundo
avisando a nova chegada de apolo,
e pinta o céu rubro augusta cor,
e sopra a brisa da manhã,
E já me sinto sol, sinto
uma força que brota da terra, Geia,
que se dilui entre as plantas,
entre as flores, entre as formas
viçosas por vida, as plantas,
os pequenos animais,
abelhas, borboletas,
que ao voar cantam,
então me espanta tanta beleza,
me espanta a beleza, me espanta
a natureza, todos os dias,
porque a noite é reservada para
as estrelas e a lua,
e as flores perfumadas,
mas os dias, são todos ao nascer
novos, belos e perfeitos,
basta interiorizarmos
e contemplar Apolo, o sol, o dia.
m

como as

Solidão

Certos animais tem o hábito de viver solitário. Não entendo a vantagem de viver só. Acho que as vezes ter um monólogo é muito bom, mas viver sempre monologando é meio louco. Acho que precisamos de vem em quando dialogar, estar na presença de alguém que compartilhe as ideias, as situações vividas, momentos que deêm mais sentido a vida. Conhecer é muito bom, pensar é muito bom e viver proporciona tudo isso, mas compartilhar o conhecido, o conquistado creio que é bem melhor. De que adianta ver as belezas das pequenas e grandes coisas do mundo se é uma coisa puramente subjetiva. Não entendo mesmo esses animais solitários. Nem sempre fui a pessoa que sou. Sim eu tinha um circulo de amigos muito grandes e eu interagia com todos, meu circulo de amizade ia muito além do universo universitário, eu tinha meus amigos que moravam comigo. Bem como uma grande quantidade de pessoas que conhecia no campus. Bem antes deste tempo já na minha pequena cidade tinha vários amigos que compartilhávamos bons momentos, bons sonhos, sei que pouco aprendíamos sobre o mundo, mas divagávamos nos desejos. E quando parecia está só eu tinha minha família. Agora, meu ciclo de amizade está restrito, meus irmãos moram em outra cidade, meus pais em outra, minha namorada em outra e quando chega o fim de semana eu me sinto só. Sinto um forte aperto no peito. Então penso como pode determinados animais serem solitários? Nos seres humanos somos seres sociais, mas estamos cada vez mais sós, muitas vezes a solidão pode levarmos a loucura ou a criação, todavia nem todo mundo fica louco ou se transforma em criador. Essas pessoas que estão no meio termo, que é maior parte das pessoas, perdem o interesse pelas cores, pelos sabores, pelos cheiros, pelas formas e por fim pela vida. Algumas pessoas buscam uma saída para esse sofrimento através de substâncias químicas, outras simplesmente vegetam. Então por que nos sentimos tão solitários se nunca tivemos a oportunidade de estarmos tão juntos? De certo estamos perdendo a capacidade de está com o outro fisicamente. Nos que temos a linguagem para se comunicar, que somos seres com afetos não podemos explicar porque escolhemos ficar só. Certos animais que não usam da fala como linguagem e não compartilham conosco certos tipos de inteligência pode justificar a opção de está só, mas nós não.

Mamãe feliz

Hoje contei para minha mãe que farei uma grande viagem. Ela ficou muito feliz, até parece que é ela que vai viajar de tão feliz. Ouvi aquela risada gostosa. Minha mãe ficou ainda mais feliz quando disse os lugares pelos quais irei passar, pensou que fosse no Brasil, mas expliquei que era para um lugar muito distante. Ela expressou todo seu carinho quando falou que todas as noites entrega nas mãos de Deus nossas vidas e pede que ele interceda por mim, para que quando terminar meus estudos tenha um bom trabalho. Enfim falou que ia falar para os meus conhecidos e disse nossas eles dirão que só voce mesmo. Expliquei que é uma viagem de trabalho ela ficou feliz, disse que irei passar três meses. Mamãe como uma criança quando ganha um brinquedo novo ficou muito feliz e deu o telefone para minha irmã, para ela ouvir de minha boca sobre a viagem. Bem vou se Deus quiser tirar muitas fotos e assim quando estiver lá em casa vou mostrar todos os lugares por onde passei. Mamãe se orgulha muito das coisas que faço e pensar que foi ela quem me obrigou ir a escola, que me educou, mesmo não tendo muito estudo, mas sabia valorizar. Senti-se importante por mim e fala para todo mundo que seu filho, eu, faz doutorado em Campinas. Enche o peito pra falar todas essas coisas. Acho muito bacana essa ideia que ela tem sobre se dar bem na vida. Acho importante e me sinto importante ao menos para uma pessoa para ela e para meu pai também, mas sabe né as mães acham que nunca crescemos então toda feliz deu um chau e desligou o fone.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lua

Quanto tempo não percebia a noite que por sinal hoje está tão linda enluarada e estrelada, limpa só alguns cirros perdidos um ou outro avião. De certo faz muito tempo que não contemplo a noite, a lua, as estrelas e até mesmo o escuro da noite, as luzes elétricas e o cheiro doce das flores noturnas. Será que me perdi tentando me encontrar? Agora sai para tomar um ar, porque achei que precisava olhar para o céu, para a noite para ver quanto é grandioso o universo. Então fui até o terraço onde inspirei e expirei intensamente, olhei para o céu, vi a lua maravilhosa quase cheia, as estrelas, dentre elas o cruzeiro do sul. Fiquei ali fitando as estrelas dentre elas mirei uma estrela no poente, com uma luz azul, que por sinal acho que logo mais irá se por, então ela foi se escondendo atrás das folhas de coqueiro, mas não conseguiu se esconder por completo. Olhei para os fios e vi formigas a caminhar ou a trabalhar, olhei para quintal do vizinho que tem dois cães um me percebeu e começou a latir, mas logo parou. E então fiquei vagando meu olhar pelo céu, ouvindo o barulho dos carros que correm numa rodovia atrás de casa. Quanto tempo não fazia isso. Senti-me muito só, senti medo da morte. Medo de ser um solitário. Não aprendi com as estrelas a ser solitário, também não meu próprio brilho ainda será que um dia brilharei?
Bem na verdade fazia tempo que não me sentia só. Quanta coisa ando sentindo. Sinto medo de me acontecer algo, pois quando sinto esse medo as vezes coisa boa não é. Acho que foi por isso que fui tomar um ar lá fora, fui conversas com as estrelas. Somos todos eternos solitários já disse um amigo certa vez. Somos todos solitário. Nem sei como nos comunicamos, pois estamos sempre falando nossas linguagem subjetiva. Talvez a lua, a noite e as estrelas nos entendam.

Guarda-chuva

No quintal vi uma paisagem maravilhosa. Vi um ambiente coberto de fungos, pequenos cogumelos, ou guardachuvas alvos como goma. Eram tantos, incontáveis uns cresciam ocupando e espaço do outro, em alguns lugares sequer dava para ver o chão. Exalavam um cheiro diferente, alguns estavam cheios de esporos. Então pensei como seria interessante ser uma formiga para andar sob aquela paisagem. Havia calma, paz naquele lugar. Por um instante me senti numa cidade sob a chuva com tantos guardas chuvas. alvos feito goma.

A borboleta

Hoje vi uma borboleta,
pousava seu corpo
sobre uma folha,
está lá estática,
de asas fechadas,
contemplei-a
por um brevíssimo
momento.
Ela estava parada
não espressava nada
simplesmente era,
mesmo tão frágil
existia.
Mesmo tendo a vida
tão efêmera
era, aliás algumas
flores são
mais efêmeras,
nem por isso deixam de ser.
A borboleta era,
mesmo tendo a vida efêmera,
estava ali parada,
não voava pelo seu,
não buscava mel,
flores estava ali,
parecia contemplar
a folha, a brisa
sei lá.
Acho que por
um instante ela
prendeu minha alma,
roubou minha calma,
sei lá deve ser um
ser mágico.
Depois eu sumi
e não mais a vi.

Mistérios

A borboleta de laranja e preto pousou sobre a flor do jardim para beber néctar. Depois de abrir e fechar suas asas várias vezes, desenrolou aquela probóscide e sugou o doce néctar, depois de visitar muitas flores. Então ela voou pra longe e lá longe encontrou uma planta onde pôs seus ovos que depois de um certo tempo eclodiram e liberando várias larvas, as lagartas, que foram comendo todas as folhas da planta e foram crescendo sem parar até que chegou um dia e essas larvas se empuparam. Dias depois aquelas lagartas se transformaram em lindas borboletas e voaram para tomar o néctar das flores nos jardins. O interessante é que quando as borboletas saem para visitar várias flores elas acabam levando os pólenes e os distribui entre as flores. Mas como as borboleta conhecem as flores? Borboleta sentem cheiro? Sei que borboleta sabe voar, por ovos. Já vi borboleta pousar em tudo que é flor, tomar néctar de todas elas. No entanto as lagartas sempre vejo nas mesmas espécies. Será que as borboletas conhecem a planta que vai por os ovos? E, será que borboletas conhecem as plantas que tem que por? então será que elas têm memória? Agora estou confuso. Esses mistérios da natureza!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Primeiro ano na Escola

Veio-me a mente a lembranças de minha infância. Lembranças da escola, mas não me lembro da escola como um lugar bom, não sentia prazer em está na escola. Sempre que ao invés do gosto pelo aprender a escola era muito antes uma prisão e via todas atividades como uma obrigação. Por isso os primeiros anos de minha vida escolar nunca fui um exemplo. Muitas vezes tinha vergonha porque não sabia ler, nem escrever, enquanto tinha uma menina Eurides, que já desenhava belas letras e conhecia algumas. Confesso que me achava inferior por isso. Também minha mãe é semianalfabeta funcional, sabe assinar o nome mas não sabia ler, mas apesar disso sabia da importância da escola para o nosso futuro, por isso nunca ficávamos sem ir para a escola um dia sequer, nem mesmo estando doente. Quanto a essa relação dirigiu nossas vidas com punhos de aço. Para minha mãe, em sala de aula a autoridade era do professor(a), por isso qual fossem os fatos, nós éramos sempre os errados. Domar-me não foi muito fácil, confesso que ganhei muitos puxões de orelhas, mas o medo da professora do segundo ano dona Lenita, tinha fama de general inibiu todo meu comportamento. Antes de ir para escola meu ciclo de amizade era muito restrito, foi na escola que pude conhecer os meninos e meninas de outras extremidades de minha pequena Serrinha do Canto, e entrar em contato com pessoas diferentes foi a princípio ruim, pois tive que conter meus modos, mas depois ganhei muitos amigos, meu mundo se ampliou. A escola como estava dizendo não era atraente, não sabia pra que serviam as palavras, no meu povoado sequer tinha placas, como eu iria usar aquelas palavras, em casa nem a bíblia tinha. E as pessoas que tinham ouvia pessoas falarem que a bíblia era ovo que as pessoas chocavam debaixo do braço, enfim não sabia para que serviam as palavras. Gostava da ideia de ter uma mochila, usar farda achava muito legal porque via meus irmãos mais velhos. Então o mais legal na aula era ficar marcando as horas de ir embora, nós crianças éramos muito astuciosas e aprendemos a hora de ir embora pela réstia da luz do sol na parede, era uma hora exata, disso nunca me esqueço. Minha primeira professora era Livani, filha de seu Bonifácio, mãe de Nissinha uma das mais bonitas meninas dali. Era baixinha e tinha voz muito aguda, usava pedagogia militar, coisa que aprendeu com os professores dela e ia replicando, acho que ela evoluiu senão os alunos estão tendo a mesma forma de ensinar, talvez ela tenha se aposentado. A escola Isolada Serrinha do Canto continua lá, acho que o terreno foi doado por uma pessoa de lá. Não sei. Só sei que por falta de recurso a professora dava aula por uma minharia, com certeza dava aula por amor. E eu tive a oportunidade de viver essa realidade que me assombrou por muito tempo. Bicho do mato brabo, pra ser amansado leva muito tempo, mas certo dia fui domado. Nem tudo na vida é perfeito, só sei que foi ali que tive a oportunidade de aprender as letras, as palavras e as frases. Foi a partir da força que fui domado, foi por causa da minha mãe que continuei e aprendi na escola, porque se fosse por minha vontade, seria analfabeto. Acredito na importância da família, da primeira professora e do esforço particular para que possamos ter pessoas que vivam em harmonia e ética. Foi na minha primeira escola que tomei conta da responsabilidade que é preciso na vida inteira.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O olhar

Acredito que cada pessoa tem um olhar diferente do mundo que elas vêem aquilo que elas conhecem e simplesmente ignoram o que desconhecem. Um agricultor ver a terra e o que nela se produz, um engenheiro ver as estruturas de como pode construir o que foi projetado por um arquiteto, um botânico ver as plantas, um professor uma forma de ensinar, um jornalista uma forma de comunicar. E assim são todas as diversas profissões ou passa tempo que encontramos para nos afirmar como seres, buscamos fazer o que nos faz sentir bem, no entanto como descobrimos? Não seria uma nova forma de perceber o mundo, que evolui com os estímulos que recebemos. Antes de ser agricultor, engenheiro, arquiteto, botânico, professor ou jornalista todas essas pessoas não são gente e não foram crianças? Creio eu que sim não tem como duvidar essas afirmações, mas o que fez essas pessoa despertarem e tomarem o gosto por aquilo que fazem? Será que foi de ouvir os pais falarem, por necessidade, por tomar gosto ou simplesmente porque acha aquilo belo, decente? Sou botânico e afirmo que o ambiente influenciou muito para minha decisão. Seria o desejo de se superar? o desejo de poder ter mais conforto? o que seria? Acima falei sobre a questão do olhar como canal, como luz que alumia nossas ideias, desperta decerto um desejo, uma filia e partindo desse desejo vamos construímos o que queremos nos tornar. Uma coisa é certa todo mundo quer se dar bem na vida, mas para se dar bem na vida, ter conforto recurso dignamente é necessário trabalhar duro, caso contrário podes até conseguir o que deseja, mas sem esforço não se tem amor ao ser tornado. Mas onde está a gênese de que o faz viver, trabalhar em função desta coisa? Já pensei muitas vezes no meu caso e percebi que não tem um começo um pondo onde possa dizer foi isso. Não mas uma curiosidade que despertou das diversas maneiras que tentei entender o objeto observado, percebi que quanto mais tentava entender, mas percebia que existia ali uma caixa mágica um universo de formas, de ajustes, de cores, de sutilezas, de diversidade, e fui mergulhando na botânica, onde me dei sentido a minha existência através do desejo de conhecer, de ver, de apreender de mostrar, de ensinar. Eu fui atraido, me tornei canal e agora sou o que sou. E através de minha forma de ver o mundo posso mostrar para as pessoas que não conhecem botânica a veem isso que tanto me fascina e assim o é com quem faz todas as coisas importantes citadas acima. Resta descobrir qual a sua maneira de olhar o mundo, basta escolher uma e seguir a vida.

Amizade

As amizades são cada vez mais raras, pois necessário um longo tempo para se ter a certeza desta relação. Não se tem um ponto onde a partir daquele momento se declara amigo. antes de tudo precisamos para termos certeza da amizade termos respeito, admiração, companheirismo, cumplicidade e simplicidade. É algo extremamente espontâneo como uma brisa da manhã, belo como um jardim, ou melhor a amizade é um jardim que para ser belo requer certos cuidados. Precisamos regar a amizade de cuidado o simples fato de respeitar o outro é um bom início. Não pode haver interesse nesta relação, as coisas tem que serem espontâneas. É o cotidiano quem vai estreitando a relação e quando menos percebemos somos amigos. Mas é extremamente ruim quando por algum motivo nos distanciamos das pessoas que nos apegamos. Será que as pessoas boas tem a missão de levar paz a todos os lugares. Ficamos mais fracos quando essas pessoas se vão, pois temos a impressão que sempre temos algo a mais para aprender, algo a mais para ensinar. As vezes a vida passa e não percebemos a importância de determinadas pessoas em nossa vida, como ela nos influenciam e como influenciamos. Seria uma troca. Tenho uma certa impressão que a somos caravelas, somos pessoas solitárias, que as vezes encontramos um porto, encontramos algo valioso, mas que infelizmente para seguir viagem não podemos levar nada, não podemos deixar nada. Só os bons sentimentos e as boas memórias. No começo parece difícil, mas superamos. Mas a amizade essa levamos. E carregamos no peito o que há de melhor a sensação de sentir bem, de fazer bem de ter um amigo, eterno amigo.

Canto

As aves parecem está se aninhando, segunda feira 11-04 no fim da tarde, na praça dos cocos, sobre as figueiras, sabiás faziam uma festa, pois era uma cantadeira só. Hoje dois dias depois ouvi sanhaçus e patativas cantando numa animação, acho que estão se aninhando.


Canta o sabiá,
canta seu canto cheio de encanto,
cantem aves,
o sol está escondido,
mesmo assim o dia segue,
cantem aves
e embelezem
o mundo
com melodia,
com som,
com paz.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sertão

A vida se vive por estação,
cada estação há uma marcação,
no sertão há só duas estações,
inverno e verão.
No inverno tudo é verde e vivo,
no verão tudo é cinza e adormecido.
no inverno canta o riacho
que corta o vale rio a baixo,
zoam as abelhas, cantam as aves,
verdejante o horizonte
cheira a folha, flor e mato;
no verão água seca,
as plantas morrem,
outras perdem as folhas,
o riacho seca e cala,
as aves migra,
só resta calor, luz e sol,
mas a beleza
essa não abandona nunca o sertão,
a beleza é subjetiva,
e o sertão está dentro de nós,
cada estação está guardados
nos sulcos e giros cerebrais,
aquela beleza,
as vezes cheia de tristeza,
as vezes plena de alegria,
alegria que a natureza cria,
no pingar da chuva,
no desabrochar da flor,
no vôo das borboletas,
no canto das aves,
na boa colheita,
no bom negócio.
A vida nossa é tão subjetiva,
que acho que lugar mais belo
não há que o meu sertão,
cinza sertão,
carrego na alma o sertão,
com suas duas estações,
com minhas ilusões,
com o céu,
o doce do mel,
as abelhas,
o vento,
o cheiro do mato,
meu ser e o sertão.

Pattaro

Barão Geraldo é um lugar peculiar,
por onde quer que vá,
tem uma rua com nome Pattaro,
são muitas ruas,
Gilberto Pattaro,
Gerônimo Pattaro,
e até escolas.
Neverland,
que doce é esse lugar,
de tão rico em diversidade
cultural,
aqui mora gente de todo lugar.

Chuva da noite

A tarde partiu sombria,
foi uma tarde sem luz e fria,
o sol nem pode expressar
a rubra luz,
a noite a noite caiu
e junto com ela
a chuva veio cantar,
e como canta a chuva,
entoa seu canto,
e faz as biqueiras,
bicas e telhado
acompanhar
a sinfonia,
ah tarde já não sedes mais,
ah noite sedes,
mas a chuva tomou
teu palco.

Aromáticas

Ontem conheci um lugar maravilhoso, fica em Paulínia, é uma unidade da Unicamp de estudo de plantas que produz óleos essenciais e muitas com propriedades medicinais. O ambiente é muito gostoso, pois é bem cuidado, limpo e o único cuidado que se deve ter é com formigas, abelhas e algumas plantas urticantes, além dos muitos aromas tem o cheiro do campo. Todas as plantas vi ali eram maravilhosas, extremamente interessante, verdadeiras produtoras de essências. Algumas estavam em estágio vegetativo e outras em estágio de floração, mas isso não importava muito, pois em sua maioria as estruturas produtoras de óleos e essências estão distribuidas pelas folhas, cascas e caules. Então só precisava macerar as folhas e cheirar. Tive a oportunidade de conhecer novas plantas e sentir diversas essências desconhecidas. Haviam plantas de vários lugares do mundo. Nesta excursão fui convidado pelo professor de uma disciplina da farmácia para acompanhar o grupo, na maioria muito jovens, sem muito interesse por aquele ambiente. Mas aquele lugar, aquelas plantas com seu charme e essência despertaram logo o desejo naquela moçada. E como uma estória que vai ganhando graça, a moçada foi se interessando cada vez mais por cada planta, cada cheiro, cada forma de vida. O resultado fui muito interessante para aqueles alunos que na maioria são da cidade, e muitos desconheciam este universo das plantas. Foi uma experiência nova para muitos deles, uma nova forma de olhar para o universo botânico.

O sol

O sol brilhou no céu azul,
no meio de cúmulos alvos,
o sol brilhou e tudo iluminou,
sua luz corou as formas,
e me deu compreensão,
por minha visão,
apreendi o mundo,
dentro de mim,
e me senti grande
como o sol,
como o sol,
senti meu peito brilhar,
minha mente iluminar,
as ideias, sensações,
e agora as nuvens
escondem o sol,
mas não podem
esconder sua luz,
essa camada tênue
pode esconder muita coisa,
mas as formas
são evidentes,
por porque o sol brilha,
podemos ver,
sentir o sol,
em tudo que existe.
Viva o sol,
sem o sol,
nada seria,
nem minha poesia.

Educadores

Quantos guerreiros estão por ai, travando batalhas hercúleas entre quatro paredes. Tentando domar pessoas, pregando a educação. São pessoas comuns, mas no contexto o qual estão inseridos cabe-nos categoriza-los como heróis. A educação é uma atividade para toda a vida do indivíduo, e será essa que permitirá ao homem viver em sociedade. Mas o ato de educar não é ainda uma atividade que tenha facilidade. É necessário amor, doação, muita paciência e por que não fé. As instituições de ensino em nosso pais, Brasil, é desprovida de investimentos. Falta estímulos para os educadores. Os salários são baixos e muitos dos professores tiveram uma formação insuficiente. Mas nem por isso a rede de ensino deixa de ter verdadeiros guerreiros que a partir de esforços particulares tentam e tornam as escolas ambientes mais civilizados. Esses guerreiros tem que lutar com unhas e dentes para competir com o mundo externo, para ter o seu espaço como educador. As ruas e os meios de comunicação atraem mais aos alunos que o sistema escolar. Competir com esses meios é algo extremamente difícil, pois chamar a atenção dessas pessoas exige um certo malabarismo. E é exatamente isso que os certos professores fazem, usa de diversas técnicas para dar mais cor, sabor e luz a sala de aula. Mesmo assim a luta é muito injusta, mas não é inválida. Essas pessoas mudam a vida das pessoas dando um norte. São verdadeiras estrelas que orientam as pessoas, mesmo tendo que competir com a cultura de massa, esses professores estão trazendo do mundo da massa uma nova maneira de educar, usando a ferramenta mais antiga o discurso, a conversa. É necessário aprender a conversar com os alunos, muitos dos professores conseguem, principalmente aqueles que são plásticos as inovações, enquanto outros, moldados a antiga forma de ensinar, aqueles que acreditam no conhecimento como algo produzido e não algo a se produzir, estes estão fadados ao cansaço. E o que eu sei sobre educação, pragmaticamente nada, mas sei muito. Pois navegando na nuvem da internet, posso pescar vários blogs de professores, pessoas brilhantes que usa dessa tecnologia para iluminar esse mundo de quatro paredes. São vários os blogs que leio constantemente, pessoas que traduzem o que acontece, situações, como fizeram para mudar. Introduzindo o lúdico, a conversa estão levando os alunos a descobrir o universo da leitura. Vejo esses guerreiros, esses heróis como faróis que iluminam o mundo. Essas pessoas sempre relatam situações gratificantes e nem cogitam deixar a escola, pois amam o que faz. A luta guerreiros.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sertão

O homem precisa se expressar,
No sertão bem antes da televisão,
os homens conversavam,
se comunicavam, resolviam
seus problemas sem ambição,
os negócios era coisa simples,
vender um porco, galinhas,
bodes, e legumes e um peixinho
pra complementar a alimentação,
quando muito no fim do ano,
comprava um metro de pano,
pra uma roupa nova vestir,
usava havaiana, ou chinela
de peneu, tinha os pés rachados,
a pele tingida, mostrava
as dificuldades da vida,
na lenha fazia algum recurso,
bem como plantando algodão.
A mulher sertaneja
tinha uma destreza
de saber dividir a comida,
varrer os terreiros,
lavar a louça, pra isso
tinha que ter habilidade,
não tinha muita vaidade,
cuidava da casa,
e da divisão,
sabia bordar,
passar, lavar e cozinhar,
mas quando veio a televisão,
as coisas mudaram,
e como aprendeu aquele povo
a ver novela,
ver as coisas mais belas,
mulher e homem artista,
um povo egoísta,
cheio de malícia,
mostrava que a vida
boa estava na cidade,
e o povo humilde povo
que só sabia falar
daquele lugar, que sabia rezar,
na ilusão, passada pela televisão,
foi embora em busca de melhor vida,
e só encontrou
devacidão,
fora do seu mundo,
seu conhecimento perdeu
sua função,
no sertão sabia os remédios para
qualquer mal,
sabia tirar do mato
o sustento, mas na cidade,
o que era então,
um povo mal trapilho,
de ego ferido,
por todos ofendido,
até que chegou
a luz no sertão,
água e o povo
que já envelheceu,
aquele povo que ali
nasceu já não pode mais voltar,
e o povo novo
voltar nem pensar,
o sertão
tá virando um desertão,
e cada vez mais calado,
como o homem que
tem vergonha se expressar,
que vivia a cantar,
as cantigas do sertão
em sua animação,
maldita televisão,
maldita ilusão,
um dia volto pro meu
sertão
ah volto
aquilo lá ainda vai virar mar.

Desertão

No sertão tem beleza de montão,
as casas mais brancas,
casas de taipa feito joão de barro,
árvores cheias de ninhos,
mas nuas, cheias de espinho,
plantas com arquitetura
que é uma belezura,
cardeiro em forma de candelabro,
macambira em forma de cisal,
tem juazeiro, pereiro.
Na seca tem terra rachada,
pode ouvir aves cantando,
o vento assoviando,
os bodes berrando,
catavento rodando,
e sentir muito calor,
sentir muita sede,
sentir a pele seca,
o corpo a transpirar,
sentir o cheiro do mato,
o cheiro de bichos,
a água salobra,
Sentir no sertão todo
tipo de sensação, de desconforto.

Viver no o sertão
não é pra qualquer um não,
tem que nascer lá, senão,
não aguenta o rojão,
é forte, um herói quem ai vive,
quem ai aprendeu a viver,
é preciso muito amor,
a natureza, a beleza pra morar no sertão,
quer maior desapego?
quem vive no sertão,
quem mora no sertão,
desfruta da paz,
o que o preocupa
é só a falta de chuva,
mas nem todo quer conhecer,
ou viver no sertão,
que aos poucos
se torna o vazio,
um grande desertão.

Adeus Aranha

Meu caro João,
a amizade é tecida,
é a coisa mais rara
que pode se ter na vida,
não se compra,
não se vende,
simplesmente é
um rede estranha,
tecida no dia dia,
feito poesia
que rima nos
fonemas,
nas frades
e assim se faz um poema,
a amizade meu caro,
neste mundo é algo raro,
e de nó em nó,
uma rede vai se construindo,
e de nó em nó,
sem perceber,
algo de inestimável
se consegue,
confiança,
cumplicidade,
nada de vaidade,
eis que dai
surge a amizade,
como numa teia
hialina, os finos
são cruzados,
e algo é montado
a amizade,
xabrola,
a amizade
João Aranha,

Seja feliz
na sua nova vida,
procure ver mais formas,
mais cores,
sentir mais os cheiros,
os sabores, a textura,
porque a vida
revela-nos
através dos sentidos,
dos pequenos atos,
seja feliz,
nunca esqueça,
nunca adormeça
nossa amizade,

Seja feliz.

cada

E a tarde já não arde,
e o sol quase não brilha,
e a noite já vem vindo,
e eu vou saindo
para casa,
casa,
meu lar

Cresce

As árvores que tanto sofre com a adversidade da natureza continuam de pé. Perdem as folhas, as vezes perdem as flores e os frutos pela falta de água. Mesmo assim as árvores resistem e quando a natureza compensa com boas condições estas tornam-se viçosas e dão sombra, flores e frutos, além purificar o ar e transformar o inorgânico em orgânico. A vida ensinou as árvores a suportar as dificuldades do mundo ao longo do tempo. Mas não percebemos na natureza a inteligência, simplesmente ignoramos o mundo que vivemos. Olhamos apenas para o eu, um eu egoísta. Achamos que só nós sofremos e isso nos torna angustiados. Ah olha para dentro de si. Olha para a árvore que tu achas que está feia, ela pode está sofrendo alguma injúria. Não seja como plantas artificias sempre belas, mas sem essência, sem vida. Quando estiver se sentindo mal, para e reflete, na certa está amadurecendo. Aprende a refletir. Aprende a sofrer, só assim saberá ser resistente as adversidades da vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Inverno chegou

Essa semana liguei para casa e falei com papai. Ele falou que fazia tempo que não chovia lá. Desde sexta que chove mamãe falou hoje.


Pra morar no sertão antes de tudo tem que ter fé e muita esperança. No Sertão a chuva não é algo frequente nem constante. Tem anos que chove muito, mas tem anos que cai uma chuva grande e as nuvens cheias de água não aparece mais. Ainda lembro quando morava em casa em certo ano estava numa seca danada já era março e a lavoura já estava considerada perdida. Era uma tristeza só, os animais estavam magros, a água escassa, as plantas com as folhas mirradas e murchas algumas plantas estava até nuas. O feijão estava já na rapa dos silos, muita gente já começava a fazer contas nos mercados. Então certo dia o sol nasceu num céu azul e brilho intensamente, as cigarrinhas cantavam. Fiz todas as coisas e me enfurnei dentro de casa para aliviar do calor. Neste dia no meio da tarde um ninbus despontava no nascente, as famosas torres. E veio subindo, tomando o céu, e a tarde foi esfriando e nós ficando felizes. E lá vinha a nuvem carregada. Choveria? Sim aos poucos o céu ficou totalmente coberto e pingos agressivos caiam sobre as telhas e a biqueira, caiam soando feito bala e foi aumentando mais e mais. Um cheiro forte de terra molhada, de chuva atemporal, perfumava nossa alma e aos poucas um fio, uma corda e um camelo de água descia da bica enchendo as caixas, os potes, os baldes, até limpa a água canalizada para a cisterna. A água começava a escorrer no terreiro, as galinhas correram e se abrigaram na casinha da faxina, e a vaca urrou feliz. E choveu muito, e naquela tarde a tristeza se tornou em plena alegria, os sapos saíram dos buracos, e cantaram. Os tanques encheram, as fezes do gado no curral se fez lama, logo os campos estariam coberto de cebolas bravas, logo a babugem pintariam de verde os solos nus. Naquela tarde começou o inverno e a partir daquele dia tivemos um ano muito feliz, cheio de fartura e de alegria.

A estrada

Uma estrada esburacada, poeirenta, de pó frouxo era assim a estrada que passava em frente a casa de Amaro Lopes. Tinha quase dois metros, cabelos brancos, e voz arrastada, faltava-lhes uma orelha não lembro se a esquerda ou a direita. Bem com a idade avançada que não lhes permitia mais trabalhar. Ele ficava o dia sentado numa cadeira de balanço na porta da sala observando quem ali passava. Sempre perguntava a quem passava algo, por isso era uma das pessoas mais bem informadas daquele lugar. Odiava quando passava algum caminhão em alta velocidade, pois levantava uma poeira que cobria toda os moveis de poeira. E os malinos dos carros ainda gritavam, mangando da cara do velho. Não entendia muito do que falava, não ria com ele, mas sabia que ele sabia fazer algumas coisas legais. O filho dele mais novo tinha uma beça, uma arma de atirar pedra muito diferente doas convencionais. Não sei como explicar aquela arma. tinha um arco, uma corda e algo parecido com uma coronha. Foi ele quem fez seu pai. O filho dele aprendera com ele a fazer carros de madeiras e lata. Nossa como queria um carro daqueles para mim. Queria mesmo era aprender a fazer. Uma vez mamãe encomendou um carro ao filho dele, pra mim. Ganhei aquele caminhão e fiquei muito feliz. Mamãe fazia meus gostos muitas vezes. As vezes nós iamos na casa dele para usar o moinho pra moer milho pra fazer a comida da janta. O moinho era muito bom leve. Ficava bem na cozinha onde quase todas as coisas eram feitas artesanalmente, mas com material de qualidade ruim. Então ficava ali moendo e ouvindo os adultos conversando, sobre a vida, o quotidiano das pessoas. Essas coisas. Certo dia o velho morreu, e nunca mais vi a porta aberta. A estrada agora estava calada. Poucos anos depois sua esposa Cica morreu também. Então o filho vendeu a casa e foi embora. Hoje a casa ainda existe, mas está fechada, calada. Não pergunta nem reclama de nada só trás nostalgia da infância. As vezes a noite quando voltava da cidade e passava ali, onde o vento faz a curva na estrada, sentia um frio na espinha. Mas até isso as memórias apagaram.

Domingo

O dia nasceu lindo hoje, mas acordei numa preguiça. Estava sem coragem até de abrir os olhos, com muito esforço abri os olhos e vi através da janela uma luz fresca, clara. Fazia frio, então fui ao banheiro e voltei para a cama onde fiquei metutando. Sobre a vida, sobre tudo que via. Então levantei novamente fui a cozinha comer algo, comi duas bananas e dois caquis. Então voltei para a cama. Peguei uma revista Fapesp onde li uma matéria sobre Marie Curie e outra sobre o Isaac Karabtchevsky, maestro da orquestra de Heliopolis. Em seguida mergulhei numa leitura sobre teoria do conhecimento de Alberto Oliveira e fiquei lendo quase o dia todo só parei para ir ao Dalbem buscar uma marmita e almoçar. Confesso que a leitura era muito pesada, mas deu para apreender muita coisa. Acho que pra ler esse livro precisa uma certa base a priori pra entender algumas frases. Enfim tentei ao ler este livro me senti como quem vai andando pelas ruas, tentando extrair das palavras um certo significado e alguma beleza, mas acho que por está cansado e me sentindo só, pouco consegui. A tarde as nuvens cerraram o céu e caiu uma forte chuva de granizo. Confesso que ainda era criança quando presenciara tal fenômeno. Agora a tarde está quase no fim e esse domingo passou, sem muita empolgação, mas assim o foi. Uma nova semana logo começará.

Choveu gelo

Neste instante acaba de cair
uma chuva de gelo,
que chuva dura,
que chuva branca,
que chuva!

Procura

Tento me encontrar no céu azul,
nos cúmulos, no vento, nas árvores,
tento me encontrar nos jardins,
nas estrelas, na lua, no sol.
Tento me encontrar no mar,
na areia, na água.
Tento me encontrar na manhã,
na tarde, na noite.
Tento me encontrar na chuva,
no inverno, no verão, no outono e no inverno,
vivo tentando me encontrar
no mundo, mas não me encontro
em nenhum lugar,
pois estou sempre estou tentando
me encontrar fora de mim,
como pode alguém se encontrar
fora de si, no mundo,
então certo dia percebi
que só dessa forma apreenderia
todo o mundo dentro de mim,
foi difícil entender isso,
por isso vivia errante como o vento,
como as nuvens,
como a luz
e certo dia
percebi que eu só poderia
está em mim,
e foi plena a minha alegria,
hoje vivo
de olho em todos
os lugares, mas preso a mim,
consciente de si
já não me procuro mais,
pois estou em mim
e estou em todos os lugares
que quero.

sábado, 9 de abril de 2011

Feira de rua

Fui a feira, lá vi tanta coisa bonita que fiquei embriagado. Vi muita gente diferente, gente sisuda, gente simpática, gente sorrindo, gente com pele de tons diferentes, gente bem vestida, mal vestida, gente alta, baixa, limpa, suja, educada, mal educada, gente com cabelos grandes, curtos, crespos, lisos, enfim vi gente de todo jeito. Vi muitos tipos de frutos, com diversas cores, cheiros, sabores e texturas. Vi diversos tipos de cereais, farinhas, legumes. Vi verduras, raizes, hortaliças. Vi diversos produtos do leite, queijos, doces e manteigas. Vi ovos, frangos abatidos, assados. Vi mercadorias do Paraguai, quiçá da China. E na feira comi pastel, tomei mineirinho, mas infeliz mente vi a rua suja, mal cheirosa, vi o dinheiro sujo em mãos sujas, vi pessoas espertas, pessoas indolentes, vi tudo na feira. Ir a feira é aprender, é viver e sentir-se vivo. A feira é um elo entre o campo e a cidade. Antigamente era na feira que as pessoas do campo entrava em contato com o pessoal da cidade. Onde os agricultores vendiam seus produtos e compravam o que não produzia. Na feira tinha poesia, notícias a feira era por si viva, rica. Sei que a feira ainda é tudo isso, mas hoje sugiram os supermercados que tudo oferece industrializado. As pessoas preferem as coisas industrializadas, pela praticidade e as feiras minguam, as pessoas se calam. Será que a feira esta fadada a se acabar? Espero que não, não que tenha paixão, mas acredito que a feira humaniza mais as pessoas, enriquece as relações, a cultura e a vida.

Voz

Cedo quando o sol saiu,
o vento veio de longe
afagando a natureza,
e entrou pelas frestas
de minha janela,
falando das belezas
desse vasto mundo,
me contou que passou
por um jardim de rosas,
e ficou perfumado,
que depois passou
perto de um esgoto
e ficou enfesado,
me contou que viu
pessoas rindo,
pessoas chorando,
me contou tanta coisa,
e depois calou,
sumiu nem me ouviu,
depois a luz
entrou e mostrou
as cores lá de fora,
dava para ver o verde da
acacia,
então estrela acordou
e começou a latir
e como latiu,
foi quando tomei
coragem e levantei
da cama,
naquela manhã
de sábado
bela, bela...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Estrelas

As flores da jitirana coloridas,
desabrocharam sobre a latada,
eram tão belas e delicadas,
suas folhas quase todas lobadas,
todas eram trepadeiras,
pilosas, e suas flores
enchiam os olhos
com suas estrelas,
estrelas sobre a latada,
onde as galinhas repousam
durante o dia,
onde o cão de língua
estirada delícia sua caça,
na latada, onde teius
as vezes aparecem em
busca de ovos.
Aquelas flores
efêmeras enfeitaram tanto
a latada, nunca a vi tão bela,
tão cheia de vida,
e nem deu cafifa,
as jitiranas, quase chegaram
no jiral, mas Chico foi lá
e aparou seus ramos
fracos, então cresceram
na latada.
Nos tabuleiros jitiranas
cobrem de rosa as arvoretas,
o sertão tá tão bom,
nunca teve tão belo,
cantam as aves,
o sol sorrir
a arder e a
oferecer energia para
as jitirandas na latada,
nos carrascos,
no mundo,
as terras dos carrascos
nunca estiveram
tão estreladas.

Defesa

A tarde aconteceu um evento. Meu amigo Marcelo que trabalha com a família botânica Asteraceae defendeu a dissertação de mestrado. A apresentação durou 40 minutos cravados. Durante este período, ele apresentou expôs todo um histórico do grupo que mostra a complexidade desta família e a importância do estudo da família para a compreensão da natureza. Os resultados foram excelentes, a diversidade do grupo para o estado de São Paulo é extremamente grande quando comprada com as outras famílias. A banca que arguiu foi composta pela professora Mara Margenta, Luiza Kinochita e João Semir como presidente da banca. Marcelo apareceu nervoso, mas tudo ocorreu sob controle. De fato o trabalho apresentado foi um trabalho muito laborioso, cheios de resultados que lhes ser aprovado com louvor e algumas resalvas como qualquer apresentação de tese.

Mundos

Certo dia sai de casa a noite. Fui para muito longe para onde não sabia ir, nem sabia como voltar.
Cheguei a esse lugar dormi e quando acordei, nada reconheci, todo aquele ambiente era novo. Tudo meu mundo ficara pra trás longe da li. Tudo que tinha eram lembranças, todo meu conhecimento era adaptado ao mundo que deixei para trás. Reconhecia as coisas, suas utilidades, mas teria que aprender a conhecer cada coisa nova. Então eu nasci novamente, nasci, adulto, tudo que tinha era meu pequeno conhecimento de mundo, então fui adaptando e aprendendo como criança. Tive que aprender nomes de ruas, conhecer e me comunicar com gente desconhecida, tive que reaprender quase tudo. Olhava muito para meu antigo mundo, pensava muito no mundo que eu almejava, mas estava na realidade que iria me proporcionar atingir meus objetivos. Quando tudo parecia escuro, frio, vazio, sem cor, eis que fui aprendendo lentamente e me adaptando ao novo mundo, de maneira que já me reconhecia neste novo mundo, cheio de novidades. Fiz amizades, aprendi a ser uma nova pessoa, adaptando tudo, não dava para ser a mesma pessoa, para meu antigo mundo eu já não era mais eu, para o meu mundo atual eu era eu, mas precisava muito mais para ser aceito neste mundo, então muitas vezes me angustiava por ainda ter essência do antigo mundo, não me assumia como eu, então aprendi a seu eu mesmo neste novo mundo a duras penas. Sofri, por negar quem eu era e o que eu era. No meu antigo mundo eu me sentia especial, neste mundo procurava me afirmar como alguém, era muito imaturo, e tinha sede de ser, de viver sempre neste mundo, mas me punia por isso, minha visão de mundo era muito restrita, e o tempo como o dia, como o vento, vai passando e mudando a forma de ver o mundo de maneira que vais se acostumando, se acomodando, desvalorizando voce mesmo. Até que esse novo mundo já não cabia mais a mim, então tive que partir para outro mundo, e tudo se passou como num reflexo do espelho, só agora já estava mais tolerante, mas sempre aberto ao conhecimento, meu novo mundo substituiu o antigo do antigo, então quem era eu? Não sabia, mas comecei a me afirmar como ser voltando para meu mais antigo mundo, comecei a rever o mundo como criança e a aceitar eu como eu mesmo. Então sobrevivi. Hoje não sei mais para onde irei, como farei? Mas perdi o medo de atravessar os mundos, atravessar a vida.

Amigo bacana

Meu amigo mora numa torre,
mora quase no céu,
de lá podemos olhar longe,
o horizonte fica mais distante,
a paisagem lá de cima é tão bela,
quando sai da torre
meu amigo vai trabalhar,
ou sai para passear,
para comer,
aquela torre é tão imensa,
imagina que fica no 23 andar,
tem água, luz e umas janelas
que dar acesso ao mundo,
nos já moramos no mesmo
apertamento
não era uma torre igual,
era muito pequena,
e ainda dividiamos o espaço
como mais quatro colegas,
lá na pequena torre
o horizonte que dava para
ver era só o horizonte de nossos sonhos,
não passava de cem metros.
Ele é um amigo muito bacana,
no sentido de amigo gente boa,
agora ele está ficando bacana,
morando numa torre enorme,
seus sonhos, suas projeções
o permitiram
ver e viver num horizonte real,
acho muito legal isso,
ele já virou gente grande com
responsabilidades financeiras,
casou,
tem uma família estruturada,
muito legal mesmo,
mas na nossa antiga torre,
nunca nos sentiamos só,
o horizonte era muito maior
eram os horizontes das ideias.
Putz meu colega
virou gente bacana,
mora no melhor lugar
da capital,
quase uma Roma,
ele vai conhecer a verdadeira roma,
Deus o abençoe
e lhes conceda cada vez mais inteligência,
é um grande cara,
ele mora agora
numa torre que vai
lá no céu,
é um cara bacana,
no sentido literal
no sentido real.

Toin

A terra quente ardia de calor, plantas nuas cinzentas, o chão completamente nu de folhas, só seixos cobriam o solo. O sol brilhava intensamente, a cigarra cantava anunciando a chegada da tarde, sob uma casa de taipa um velho deitado numa rede cochilava. Nem um vendo soprava. Na cozinha escura, entisnada, o feijão pulava na panela onde boiava um pedaço de torcinho aquecida por maravalha de marmeleiro. Seu Toin como era chamado, acordara cedo, encelou o jumento e foi buscar água no açude, bem longe. Esse ano não choveu uma gota e a água que tem é salobra e fica muito longe. Toin que mora só é o último habitante daquelas bandas. Não tem roupa nova, calçado e nenhum luxo, sobrevive do que planta. Naquele dia fora buscar água voltou muito cansado, o jeque está muito magro, come folhas secas, anda bambeando as pernas. Mas ainda resiste como Toin. Numa gaiola tem um golín que só está ali por está preso, mas sempre canta e alegra aquela pequena choupana. Toin esta cansado, mas diz que não sai dali por nada. Tem esperança que as chuvas cheguem e salve seu jegue. O mundo é só poeira. E ele muitas vezes não pensa em nada, não se lamenta, simplesmente vive. As vezes quando faz uma barra no poente ele lembra da época de fartura, da família que partiu em busca de melhora, mas ele ficou ali, encrostado no chão, dizia que fazia parte da natureza. A noite saia pra olhar as estrelas, sentir o vento do nordeste. Seu corpo curvado tinha a forma da rede, e o cansaço da idade. Não conhecia as palavras, mas sabia contar histórias, ultimamente não falava com quase ninguém, só refletia e contemplava a natureza, ia a cidade que ficava muito longe dali para comprar alguma coisas. Sobrevivia ali. Bem do lado da casa pro poente passa um riacho seco no momento, mas quando chove, como canta aquele riacho. No nascente tem um lindo serrote com macambira e cardeiro, onde a lua as vezes se espeta. Naqueles campos nus quando cai a chuva, nasce uma relva, com flores de todas cores, rosa, amarelas, roxas e azuis. Ah quando cai a chuva os marmeleiros, mufumbeiros, mimosas, florem e soltam um cheiro, doce como de mel. Os sapos cantam, as abelhas, e a noite a mãe da lua canta. Como é lindo aquilo no inverno, mas a natureza na seca adormece, Toin não sabe adormecer e fica a sofrer como as árvores, porque sabe que um dia chove e como as árvores ele flora, sua alma explode de alegria. Por enquanto é sol, calor e tristeza, mas o inverno vai chegar, e a natureza a vida vai despertar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

10 inocentes

Hoje o sol brilhou como todos os dias comuns, mas para as 10 crianças assassinadas cruelmente na escola, ambiente onde se transfere o saber, por um alienado. O sol continuou a brilhar, mas nosso coração está cheio de mágoa ao saber que as dez pessoas não poderão ver mais um por do sol, mais uma noite. Tiveram suas vidas encerradas antes de poder viver, aprender. Vítimas da violência desencarnaram sob a mira de um louco. Que podemos pensar sobre? que explicações serão dadas aos pais, a família? Se no lugar onde seus filhos, necessariamente estariam mais seguros foi exatamente o lugar onde o aprisionaram para sempre. Como pode um louco olhar para crianças, sem senso de justiça, sem defesa serem abatidas como animais num matadouro. É uma tragédia, extremamente triste, e o infeliz não teve coragem de enfrentar os fatos suicidando-se após o fato consumando, não existe uma categoria em que possa se enquadrar esse ser. Nem os animais selvagens são tão bárbaros. Nada resta para estas crianças que partiram, mas para nos como seres sociais, resta o peso de nosso sistema, nossas fraquezas. Que se pode fazer? onde vamos chegar? Muita calma e força, pois todos sofremos não tanto quando aqueles que perderam seus entes queridos, mas sofremos pela perda do todo, por ainda existir barbaridade como essa em nossa sociedade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chico Raimundo

Meu pai ainda adolescente foi embora de sua terra natal, foi embora para muito longe, para as bandas de São Paulo em busca de recursos. Saiu de casa aos 17 anos sem nunca ter calçado um par de sapatos, tendo como luz de casa lamparinas a gás, não sabia ler, nem escrever, mas sabia falar muito. Foi embora de pau de arara para longe, muito longe, gastou 17 dias para chegar a cidade grande. E nem sabia ler ou escrever, quem dera soubesse. Chegou na cidade grande seus amigos deram um par de sapatos e um abrigo. Em pouco tempo arrumou um emprego de servente de pedreiro, seus braços fortes de puxar enxada lhes permitiram alí sobreviver, passou a conhecer dinheiro e começou a viver e a sonhar. Antes dele seu irmão mais velho que servira ao exército era um homem disciplinado, havia casado com minha tia, irmã mais velha de mamãe. Desde pequeno trabalhou de sol a sol para criar a família, construir sua morada, simples, mas dele. Criou todos os filhos sob a força do seu braço e a arte de cultivar nas quebradas pedregosas. Um prodígio no cultivo da agricultura, aprendeu a arte do comércio, e realizava verdadeira jornada para fazer suas vendas gastava dois dias só de viagem. Falava muito e falava algo, tinha belas histórias para contar, tinha um grande amigo. Seu irmão abaixo do mais velho, também não tinha tino de ganhar o mundo ficou por lá mesmo, casou cedo, esse além da agricultura aprendeu a fazer vassoura de olho de carnaúba e colher de pau de umburana. Não tive muito contato com ele, só sei que era muito forte e calado para os de casa, nas festas ele falava muito. O irmão caçula nunca aprendeu com papai a viajar ficou por lá, nunca aprendeu nada além de agricultura. Gostava de fazer filho gerou quase 10. Ah! papai foi a ovelha negra que foi embora que aprendeu a ser carpinteiro, a ser boêmio, que aprendeu na escola da vida, na melhor cartilha "Rio e São Paulo". com um certo humo cínico, nunca deixou uma pergunta sem uma resposta, nunca fica por baixo, sempre se saiu bem. Embora hoje cochile no sofá mas está lá quem quiser ouvir ele falar, ah tem histórias para contar, coisas que nunca me contou, nem nunca vai contar, o que se passa naquela cabecinha como diz mamãe. Não sei, sei que é frouxo de correr, mas para viajar, para desvendar o que há no mundo é mais valente que o Don Quixote. Viveu tudo, nunca o vi reclamar do que não o fez. Sempre se mostrou humilde, e cheio de conselhos sábios. Voce já está quase lá sempre fala. Longe já esteve. Sua coragem refletiu em nós que todos fomos embora, não ficamos esperando tempo ruim, descobrimos que o mundo é grande. é um mundo de raimundo de Chico Raimundo.

Música

Quando criança não lembro de ter escutado música clássica. Ouvi sim quando foi inaugurada uma rádio na cidade vizinha, rádio vida. Ouvi tocar músicas de Bach ou era Mozart, não lembro era uma semana de páscoa e o padre da nossa paróquia usava a música como pano de fundo. Associei aquela música a sofrimento, foi difícil desvincular aquela ideia de minha mente. Quando cheguei na universidade tinha uma professora muito chata que disse que gostava de Chopin, nossa não conseguia ouvir nem uma música. Bem ouvira alguma música sim, mas sempre associada a algum comercial, ou filme, mas música pura não. Na universidade tive oportunidade de ouvir a orquestra toca e aos poucos minha mente foi se abrindo, foi se tornando apetitoso esse tipo de música. Bem na minha juventude era muito eclético gostava do que passava no rádio, gostava de canções que falassem de casos de amor, com histórias, ou músicas que me fizessem bem, definitivamente forró não me fazia esse bem, nem as demais, essas músicas parece que só se ouve bem acompanhada de bebida, então se era o que tinha era o que ouvia. Não temos gosto quando não podemos optar. Bem quando fui para São Paulo, aprendi que na rádio cultura fm só tocava música clássica e tinha uns programas bacanas que explicavam a música então como uma luz fui aprendendo a gostar. Sabia da música mas não sabia quem compunha, fui ouvindo e a proporção que fui ouvindo fui aprendendo que havia correntes literárias que punha em ênfase no contexto da música, e fui gostando de Mozart, Bach, Bethoveen, Holst. E foi a partir da internet que aprendi que existem rádios que só tocam clássica. Amadeus em Buenos Aires, BBC canal 3 Londres, Suiss classic,... e tudo foi fazendo sentido e foi como se a música traduzisse o movimento do vento, das nuvens, das ondas, do ar, o respirar. Parece que a música traduz a vida e me pego as vezes a ouvir e a sonhar, pareço surfar na crista da onda. Então volto no tempo volto para o sertão e ouço as cigarrinhas a cantar, o som do riacho, do vento na folhagem, nos galhos, o cantar do galo, das aves... E ouço dentro de mim e sinto feliz por ser, por viver, por poder ouvir, entender e crer no entendimento e na eterna vontade de aprender sobre a música. Ela está dentro de voce, ela pode organizar e explicar suas ideias. ouça e pense.

Arte

Tu que trabalhas pela arte,
sustentas da arte, seja feliz,
pois eterno será,
quantas pessoas trabalham com arte,
mas só eterniza a sepultura,
a arte de se feliz,
a arte do bem fazer,
de ver arte em qualquer coisa,
no jardim, na casa,
no corpo, no fazer,
ponha arte em sua vida,
faça poesia com tudo,
não precisa ser rimada,
só precisa ter cor,
gosto, amor,
assim sua vida será
sempre bela, limpa
e saudável.

Amizade

Amizade é como uma flor rara,
que surge do nada, surge
quando há desilusão,
bem depois de uma queimada,
amizade não tem vaidade,
tem disposição,
amizade é delicada,
colorida, singela toda bela,
mas delicada como uma flor,
rara.
Requer tempo,
cuidado, paciência,
requer carinho,
compreensão,
amizade não é qualquer coisa
que se compra,
é inestimável,
vale a palavra, vale a alma,
é predisposição,
é uma relação,
uma eterna construção,
tenue com teia de aranha,
mas forte como seda,
como diamante.
amizade é uma flor rara,
que surge mesmo depois de uma queimada.
está escondida no seio da terra,
no seio da lealdade,
no seio da moral.

sonho

Sob o juazeiro repousa o vaqueiro,
tudo ali é calor, toda a natureza
está nua, tudo ali é cinza,
dessa sina ele é herdeiro,

viver como lagartixa magra,
do que sobra da natureza,
pois as secas não lhe dar paz,
quando pensa que ta melhorando,
tem que mudar,
tem que buscar hoje haja água,

come farinha e feijão,
sua pele é escura,
sua boca desdentada,

barriga de cão,
e sofre e luta,
e resiste com o pouco,
feito bode sobrevive
na falta, sobre as pedras,
sob a choupana,
a vida alí é livre,
o céu é estrelado,
mas a fome.

Jejua feito buda,
ama a natureza,
os animais
e resiste é forte,
enquanto cochila
sob a árvore,
sonha com o inverno,
com o gado gordo,
com a roça, a fartura,
o rio cheio de peixe,
melancias no tabuleiro,
cana caiana, manga,
e acorda suado
está no verão.

Divagar

Certa tarde sob uma árvore um homem tirava uma sesta, fazia um imenso calor, olhar para o horizonte dava para ver o ar tremer. Aquela brisa quente, mais parecia o calor que partia de uma caldeira. O corpo suado, a mente a divagar. Então o homem acordou, respirou ofegante, olhou para o horizonte, para a sombra daquela divina árvore. Tomou da cabaça um gole enorme que acabou vazando pelo canto da boca, molhando sua barriga. Um arroto espontâneo veio a tona. Faz três dia que ele procura a novilha que fugiu da fazenda, por esse mundo sem porteira. Respirou profundamente, chamou o cão, montou no cavalo e saiu a caça. Ao sair cavalgando pensou na vida, ainda sentia fadiga da tarde depois de encher a barriga de carne seca e tomar um tereré. Via a vida linda apesar do calor, das condições adversas. Fez um sinal da cruz, agradeceu e continuou cavalgando. A tarde caiu, e nada quando chegava a noite. perto do riu viu aquele bicho arredio, finalmente encontrara a danada pastando numa impulca, estrumou o cachorro e preparou o laço, quando a bicha saiu na planície o laço ligeiro logo agarrou o bicho. Conseguira finalmente encontrar e amarrar aquela bicha. Agora levaria dois dias de volta. Se benzeu amarrou a corda na cela e voltou para casa.

Tecoma

O dia lindo nasceu,
antes do sol aparecer,
mas aurora anunciou,
as aves cantaram,
as árvores silenciosas,
calmas e frias,
continuavam indiferente,
sem flores, verdes.
Só a tecoma estava florida,
suas flores amarelas,
seus cachos dourados,
debruçados sobre os galhos,
lindos como o sol,
e muito cheirosas flores,
flores da manhã.
Primeiras flores da manhã.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A morte

Um dos fatos que marcaram muito minha infância foram notícias de morte de pessoas conhecidas. Havia sempre uma sensação de perda, tristeza. Muitas pessoas morria idosas, mas teve uma morte que lembro que foi muito comentada por meus amigos. Na verdade o rapaz que fui assassinado era vizinho nosso, mas eu não conhecia, mas lembro que meus amigos que o conheciam ficaram muito tristes. E ao saber que este rapaz foi assassinado de graça. Por causa de ciúmes foi confundido e pagou com a vida. Chamava-se James e morreu foi morto muito jovem. O assassino nunca foi preso, nem sequer fugiu para livrar o flagra. Outra vítima foi um primo meu que foi assassinado na flor da idade, não tinha sequer 40 anos, tinha três filhos. Estava bebendo com um cara que segundo relatos assassinou-o por nada, também o assassino nunca foi preso, sequer saiu da cidade. Casos de homicídios eram muito comuns. Era comum também o fato de duas famílias através da vingança chegarem quase a se acabarem. As cidades circunvizinhas a violência corria a toa. Para matar o outro era preciso apenas olhar atravessado. Esses episódios, essa carnifícina povoou minha infância. Impunidade, ignorância, ódio dentre muitos sentimentos males habitavam aquelas redondezas. Uma coisa eu aprendi muito cedo que a morte faz parte da vida. Que uma vida breve leva ao sofrimento humano, ao sentimento de vingança, alimenta a alma com males. E foi assim vendo como não agir que cresci. Minha família é muito mansa, pacata, ética, somos cordeiros quase não existiu caso de homicídio que eu tenha conhecimento. A morte faz parte da vida. Sempre ia a velórios, enterros e como uma teia aprendemos, nos amparávamos da morte. Hoje não vejo mais essas coisas senão pela televisão, parece que ficou banal a morte. Algo fora da realidade. Pessoas somem, já não querem nem ter uma lápide. Gira o mundo e a morte a todos chega. É preciso fé, amor, paz e compreensão porque a vida não é eterna.

Mente

Hoje tudo o mundo do jardim está calmo, quente e verde. Nenhuma folha se move se move. As folhas estão tão coriáceas, as inflorescências secas. Tudo está numa monotonia. O Phillanthus acidos foi molestado por larvas de lagartas, parece até que morreu, mas não, ele é muito resistente na próxima estação estará forte. Sempre renova a custo de muito sofrimento. As plantas estão paradas, quietas, pois o vento não veio assanha-las. O tempo é que cuida delas que dar a elas a oportunidade de serem lindas e é o tempo também quem as faz triste. De tempo para elas se remontarem, renovarem. Miro então o céu azul, com cúmulos esparços, pombos sobre as paredes e o ócio. Preso entre as paredes, fixo a essa janela. Tenho a natureza através daquela e através desta janela que é meu computador, decodifico o mundo. Mas estou preso a esta janela, vez por outra olho através da janela para ver o mundo, para fugir do meu mundo. Ouço música. Não sei onde me encontro. Meu corpo pode esta aqui presente, mas minha mente mais veloz que a luz viaja. Minha mente não tem um lar. Por isso olha através da janela pra ver se a encontro nas plantas, no jardim, nas nuvens, na música. Qual será a natureza de minha mente? Quando vou poder está pleno com ela?Sabe lá, por isso fico buscando a essência na beleza do jardim, das plantas, no vento. Fora de mim.

Mente

O que existe fora da mente?
Nada, projetamos e construímos na natureza
para sermos servidos,
tudo que podemos destruímos.
Nosso mundo pleno e subjetivo.
O que existe fora da mente?
Que não conheço ignoro,
o que vejo e não vejo ordem,
nem penso,
afinal o que quero?
que dia minha mente?
nada!!!
04-04-2011

Sábado

Cândido o dia assim se passou,

O sol nem apareceu, nuvens

Brancas ocultaram seu brilho,

E no meio do dia uma grande

Chuva caiu, e suas águas

Lavaram toda as ruas e

Regaram todas as plantas,

Fazendo-as sorrir de alegria

Por terem suas sedes saciadas.

A tarde ainda nublada

Fez um frio gelado soprar,

O vento parecia dançar

Com os ramos das árvores,

O singelo dia passou

Frio, sem luz,

Mas vivo dia.

Vento frouxo,

Silêncio...

02-04-2011

Descrição

O dia nasceu tão lindo claro, silencioso

e o jardim sorria refrescado com as chuvas

Que caíram na tarde passada,

A orquidia na euforbiaceae

Está tão florida cheia de flores rosas,

Os lírios estão sofrendo com uma peste

De fungos amarelos, estão molestados

Morrendo, tem algumas comelinas,

Mas ta bonito. A manhã se passou tão bela,

Cheia de risos de criança.

Fomos a feira comer pastel,

A feira é tão cheia de beleza,

De movimento, de cores, de cheiros,

De risos, de produtos,

Enfim as feiras aqui são no domingo,

Quantas pessoas não fizeram

A feira, quantas?

De onde vem feira?

Não sei, mas sei que a feira

Hoje foi linda e a manhã completa.

03-04-11

O que busco?

O que eu busco?
Quando sento para pensar na vida, tenho muitas questões. Uma das mais recorrentes é o que busco?
Quase nunca chego ao fim da reflexão, pois acabo por devagar em círculos. Nunca consigo pensar só numa coisa, sempre pego o gancho de outras coisas. Afinal o que busco? Fugir do ócio, do medo, da vida? Essa pergunta me desnorteia. Embaraça minhas ideias. Acho que não é bom pensar nela. Será e se pensar no que não busco, talvez encontre algo que busco. Bem não busco riqueza, não busco luxúria, não busco poder, será? Não busco a ignorância, não busco problemas, não busco desarmonia, não busco o sol do meio dia. Não busco ficar sem ler... Eu não busco morrer.
É não adiantou muito. A vida sempre tem seus problemas, às vezes muitos, às vezes poucos, mas estão sempre presente. Não seriam esses problemas ausência do que necessitamos. Já sei, busco resolver todos os problemas que assim estiverem ao meu alcance. Busco resolver o meu problema financeiro, de relacionamento. Sei lá queria ser como a água que tudo toma forma e assim se acerta com tudo. É busco viver.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Falar com Deus

A lua, o sol, os planetas e as estrelas,
povoaram minhas noites da infância,
havia no meu céu, alegria e fantasia,
e quando estava amedrontado olhava
para o céu e bem forte pedia baixinho,
pedia diretamente a Deus,
costumava falar com Deus,
olhando para o céu, pois achava que
ele estava lá, então pedia no pensamento,
Deus que nada de mal me aconteça,
que a vida sempre seja boa,
e Deus me ouvia,
via sua alegria no brilho
das estrelas, no brilho do sol,
na meiga lua,
ele tudo me atendia com alegria,
o céu era mais perto,
minha vida era fácil
sem ideias complicadas,
quando surgia qualquer complicação
então bastava rezar e esperar,
que tudo acontecia.
Hoje não tenho tempo para
conversar com Deus,
só converso de manhã,
e a noite perdi minha
intimidade com Deus,
estou buscando
voltar a ser criança
quem sabe assim
ele volte a me escutar,
essas ideias complicadas,
essas vontades,
esses desejos, que tomam
minhas ideias me fez tão se luz,
vou buscar no céu,
na natureza um pouco de sabedoria
quem sabe encontre harmonia,
quem sabe sinta a poesia.

Cartas

O que estará acontecendo lá em serrinha agora, hoje, esta semana? Quando meu irmão mais velho foi embora de casa, seguiu o mesmo fluxo da maior parte dos nordestinos que ou vinham para São Paulo ou iam para o Rio de Janeiro. Com meu pai e meu irmão não foi diferente, meu pai tanto veio para cá como foi para o Rio. Meu pai saiu de casa aos 17 anos e meu irmão aos 18 anos. O fato é que ele veio para Sampa em busca de emprego. Então aquele lar que sempre vivera unido estava desfeito. Meu irmão ficou ilhado a três dias de ônibus da São Geraldo e a unica forma de sabermos notícias era através de cartas, telefonar custava caro, além do mais em nossa cidade tinha apenas um posto telefônico um telefone para todo o povo. A antiga Telern. Minhas irmãs estudavam na cidade e era muito bom quando elas chegavam com uma carta contando suas notícias. Eram sempre cheia de esperança. Minha mãe tinha dificuldade com as letras. Então a encarregada de escrever era a mais velha, Rosângela ou Meire, que decifrava aquele papel com as notícias. Sentia uma saudade dele, mas ficava feliz, pois ele estava empregado e poderia então ajudar em casa. Sempre que podia ajudava com roupas ou com dinheiro. Depois de ler a carta, mamãe chorava de saudades, nos ficamos ali apreensivos, tristes, mas enfim a vida seguia naquele marasmo e as cartas passaram a ser motivos de alegria, eventos os quais nos davam mais esperança, vontade de mudar, de melhorar de vida, ter mais conforto. O tempo foi melhorando então meu irmão passou a escrever nos fins de semana. Meu irmão ligava e pedia para passarem o recado, para esperar a ligação, as vezes meu pai ia, mas na maior parte das vezes quem ia era mamãe. O tempo passou e foi indo embora um a um, o último a sair de casa fui eu, não vim para São Paulo, fui para Natal fazer faculdade. Então mamãe e papai finalmente ficaram só como começaram a vida de casado. Hoje não se usa mais carta, temos telefone celular. Lá em casa, ambos, mamãe e papai tem celular, mas mesmo assim, passo semana sem ligar, mas minhas irmãs ligam sempre. Que louca condição, hoje tenho objetos e não ligo. Tornou-se banal a comunicação que poderia ser um motivo de união, caiu na banalidade e as vezes esquecemos e nos afastamos da família. O tempo está amornando o nosso sentimento? ou seria a banalização da comunicação? Bem os canais mudaram, pra nós, mas todas as vezes que mamãe liga sinto a mesma emoção de quando recebia aquelas cartas.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Natureza

A natureza tem tanta beleza,
que se encanta e encanta,
encanta a sua beleza na sutileza,
encanta que a ela aprende a olhar,
apreende nesse olhar quantas
relações ai há,
aprende a contemplar
a natureza com o tempo,
quem tem tempo,
se entrega a contemplar,
a sentir o ar livre,
o aroma das plantas,
da terra, mas ai.
Que estamos fazendo com a natureza,
chega dar tristeza,
ver quanta coisa a agredi-la,
a destruí-la se continuar assim,
que há de sobrar,
nem beleza, nem comida,
nem água, nada restará,
aprenda a olhar a natureza,
apreenda com a natureza a reciclar,
pois se tudo acabar,
a natureza se restaurará,
mas nós... quem sabe o que acontecerá?
não há dúvida que haverá trajédias.

Domingo que fazia

Os domingos nunca foram dia de muita graça, passou a ter um sentido pior quando comecei a ir a escola, pois domingo estava ali coladinho a segunda. Mamãe dava um jeito de adoçar nossos domingos era um dia especial, então ela fazia um bolo e as vezes matava um frango, geralmente a comida era melhor no domingo. Então acordava cedo para ver a missa e o globo rural. Então mamãe chamava pra comer na hora que estava concentrado na televisão, nos dias que estava de bom humor deixava agente comer em frente a teve, mas nos dias que não estava nem adiantava insistir. Depois do café ou íamos para a casa dos meus avós ou ficávamos mesmo em casa. Naquela época Airton Senna era o melhor piloto de corrida, então quase todos domingos meu primo vinha ver a fórmula 1, na casa dele não tinha televisão ainda, na nossa tinha, mas ainda era preto e branco. Bem quando chegava à tarde pedia pra mamãe para ir para a casa dos Joanas, se ela deixava era uma festa. Tomava um banho, vestia a melhor roupa, que ela fazia ou mandava alguém fazer, roupas simples e saia correndo, muitas vezes cortava caminho pelos sítios alheios, os donos não ligavam. E na casa dos Joanas, se reunia toda a meninada, para assistir a temperatura máxima. A sala ficava lotada, mais parecia um cinema. O chato era quando o filme já tinha sido visto por alguém que ficava contando as cenas. Ficávamos irritados. Então depois do filme vinha as brincadeiras. A noite voltava pra casa e via Faustão, os Trapalhões e o Fantástico. Assim se passava o domingo, mas já perceberam que só falei de programas da rede globo, pois é nessa época o único canal que dava para assistir algo era a Globo, foi essa emissora que ditou e dita as verdades para aquela gente que com o adendo da informática está se libertando aos poucos, mas o fato que na ausência de coisa melhor, nos meus domingos via a rede globo. Naquele povoando não tinha muito o que fazer, senão viver atoa. Certo tempo inventaram um jogo chamado de argolinhas em que o cavaleiro tem que passar correndo a cavalo tendo que tirar uma argola pequena pendurada numa corda. Aquele jogo foi uma febre por muitos domingos foi nossa diversão. Eu era bobo podia ter ganho alguma grana vendendo dindin, mas tinha vergonha. Quem ditou-nos as vergonhas, sei lá, mas parecia que certos trabalhos eram indignos, aquele povo mal tendo o que comer era cheio dos pudores, de uma certa maneira essa vergonha refletiu negativamente em minha vida, assim como ver a rede globo. De doce meus domingos só tinham os bolos da mamãe e o resto é só saudosismo.


Beleza

No último dezembro o jardim estava tão florido,
chovia e fazia muito calor, mas árvores,
arbusto e ervas estavam tão florido,
e o nosso jardim estava tão florido,
todas as plantas estavam vigorosas,
mas o tempo foi passando,
o sol de posição foi mudando,
e paulatinamente as flores foram caindo,
o calor foi aumentando,
vieram as mariposas, puseram
seus ovos sobre o philanthus acidus
o calor fez germinar os ovos
e as larvas cresceram e molestam
toda a planta, agora esta se encontra
nua, parece esta morta, as folhas
estão todas coriáceas, sofridas,
o jardim está triste, mesmo
que chova, parece sofrer,
será o clima? será o sol?
o que será, só sei que quando
vejo o jardim assim,
sinto uma tristeza,
pois aprendi que as
plantas também sofrem,
também se encantam,
quando o ambiente não está bom,
e nós por que não nos encantamos?
não podemos?
O jardim, suas árvores,
seguem caladas,
nem o vento as anima,
não se perfumam,
não se enfeitam de flores,
então sofrem
pra depois expressar
toda a beleza da natureza.
Estamos em março,
logo virá o inverno
de certo as plantas não gostam do inverno,
mesmo chovendo
elas estão se preparam para a estiagem,
o frio, assim aprenderam,
por isso ou adormecem ou sofrem?
Simplesmente são belas, mesmo
sofrendo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Esperança

Todo mundo tem esperança e em Serrinha do Canto não era muito diferente cada pessoa se apegava a uma ideia que o faria importante, com sucesso e feliz. Muitos se desiludiram e entraram para o protestantismo assim podiam falar de todo mundo que era e não eram protestante naquele lugar, foi como se ao abrir uma assembléia de Deus tivesse aberto um novo bar com bebidas hilariantes, de fato tinha todo um ritual para a bebida do Deus, mas o êxtase a embriaguez só ocorria na calçada da igreja onde sob a visão, depois de conversar com deus, podia falar do vizinho, falar não resolver o problema dos outros, mas de fato havia algo mágico naquele povoado, algo muito diferente tinha uma pessoa que tinha esperanças as avessas, ele tinha uma sanfona, é um acordeão e sabia tirar som daquele instrumento que achava muito engraçado. Luis era seu nome, filho de Mundinho, conhecido como Luiz de Mundinho, era um homem grande, forte, mas muito desajeitado. Toda a esperança que tinha punha ali naquele belo instrumento, com bordas vermelho prateado e sanfonado. Durante o dia trabalhava quando tinha trabalho, ou durante o período de inverno e durante a noite sentava num tamborete a frente de casa, na casa de seu avó, Chico Adolfo, e tirava o som daquela sanfona que mais parecia gemer ou chorar a pobreza de nossa gente que jantava cherém de milho ou cuzcuz com leite e era para ser feliz. Depois de cheia a barriga de cherem, ia ele tocar aquela sanfona e tocava, tinha até uma música que ele compunha chamada "mentira cabeluda", tinha letra, fazia o fole gemer e cantava, depois apareceu a música galeguin dos oi azul. Nos domingos e sábados ele tocava, as pessoas iam pra lá pra ver ele tocar, papai gostava sempre quando voltava do cercado dos gados ou voltando de algum negócio de passar lá e ouvir ele cantar. Mas as coisas não eram nada fácil, felicidade ali só a base da ignorância, rir só das desgraças dos outros. Quando faltava esperança as pessoas iam para a igreja, quem não tinha ao deus da igreja bebia cachaça. Com Luis não foi diferente, com nome de rei Frances, descendência do império sacro romano, nome do rei Sol. Aquele Luis de rei só tinha a cadeira e a sanfona, porque as roupas eram precárias, costuradas pela mãe, coitado tinha que mandar comprar sandálias fora, pois seu pé era maior que 44 número normal alí. Luis muitas vezes desiludido tomava cana. Era epiléptico que para aquele povo era uma deficiência, uma doença, e dai Paulo apostolo era epiléptico, quantas pessoas não eram, mas ele por ter essa doença já era discriminado. Tinha o braço forte e era muito bom de serviço, mas a cachaça foi tirando suas forças, tirando até a esperança, sua sanfona. Com o tempo sua mãe morreu, passou a viver só com o pai, numa pobreza de jó, mas ainda tinha a sanfona. Então entrou para a religião, todos o aceitavam, mas como o coitado, parou de tocar sua sanfona, largou a bebida, mas o deus dos protestantes não é um deus bom ele condena. E quando faltava fé, a cachaça acolhia Luis. Até que certo dia nem a fé não adiantou, a cachaça de sua vida levou, embriagado caiu do próprio corpo e bateu com a cabeça teve traumatismo e morreu. Então a esperança calou, e aquela arte, aquela esperança ninguém mais em serrinha do canto há de tocar, mas eu vi, fui testemunha ocular, que ali todas as noites tocava a esperança, foi época de criança. Onde muita coisa se passou até a esperança.

Natureza

Ainda chove, mas já é outono podemos perceber que as plantas não respondem a presença da umidade e da água já que ainda mantém as folhas antigas, mas que já começa a perder, não se observa folhas jovens, sequer uma flor. As plantas parecem cansadas, estressadas com as mudanças do ambiente ou seria que seu relógio interno avisa que o inverno logo virá. Raras plantas flora uma ou outra paineira. Só podemos ver plantas de folha verde escuras. A natureza parece se preparar para mais uma mudança. As variações de luz e temperatura estão presentes todos os dias, algumas ervas e subarbusto depois de frutificarem morrem. É estranho este comportamento. Pelo menos para mim, a natureza anda muito diferente. Que será?

Voar

Quantas vezes não queria voar,
quantas vezes fico a sonhar,
se tivesse asas, se pudesse sentir
meu corpo flutuar,
e ver o horizonte mais distante,
então busco asas para voar,
e encontro ideias, desejos,
que me fazem voar
muito além do céu,
muito além do ser,
então volto a si,
e sinto o perfume da vida,
os sons, as cores
e sinto a vida,
existir e poder imaginar,
é tão bom quanto voar.

céu

No fim da tarde de céu azul,

cirros no alto do céu,

formava um leve véu,

O sol brilhava intenso,

fazia calor,

E lentamente o sol despontava

para o poente,

O vento soprava do norte,

Refrescava o calor,

num leve frescor,

a tarde fagueira,

incomodava a mente

que se achava vazia,

e ficava a contemplar

o que o rodeava,

o céu, o sol,

as árvores verdes,

o vento,

tudo parecia tão vazio,

tudo parecia tão vulgar,

mas o tempo não parava

de passar,

e a tarde caiu,

e cúmulos cobriram o céu,

apagou o sol, trazendo o vento frio,

e o calor da matéria a irradiar,

a tarde então passou,

mas um dia,

mais uma poesia

a contemplar.

Calango

Um calango caminha no meio do caminho,
parece esquiar sobre a terra quente,
expondo sua língua para reconhecer o ambiente,
com suas escamas elegantes, vai devagarinho,
segue a intuição, não tem lar,
não tem comida, não tem nada,
só tem a sim, seu corpo é sua morada,
o que busca e viver,
e assim de geração em geração,
o calango vai aprendendo com a natureza,
que seu lar é qualquer lugar,
qualquer abrigo,
não teme o inimigo o incerto,
porque a vida tudo é,
segue passo a passo,
num compasso,
calda, corpo solo,
a se rastejar, sem raciocinar,
a natureza guardou em seu DNA a sua
história a potência de existir,
tem tudo ali,
natureza se encarregou de ensinar,
o instinto de buscar, de forragear,
tudo que precisa é viver,
buscar o que comer,
em seu território,
nem o tempo,
nem as adversidades
fizeram sair do caminho,
das veredas,
o lagarto segue a desfilar,
a existir, é potência
e é ato, tem espírito
que é a vida,
é tudo que precisa
o o calango
a vida dar.

Mamãe general

Mamãe como um general, nos tempos de criança sempre acordou cedo, assim como fazia sua mãe e talvez a sua avó. Bem ela acordava depois de papai, lavava a cara e ia para o curral. Tirar o leite. Fizesse chuva ou sol lá ia ela. Papai nunca aprendeu ou fazia o máximo de dificuldade para não aprender a tirar leite. Então era mamãe quem fazia. Então, engraçado como o humor dela variava quando voltava do curral, começava uma gritaria, era um acorda, como soldados ela queria ver todos de pé em seus afazeres, mas as meninas resistiam e ela ficava furiosa e só relaxava depois de tomar o café e começar a varrer o terreiro da frente. Era neste instante que começava seu espírito jornalístico e a todos que passava retenha informações que vinham da cidade ou do sertão. Naquela época era muito fácil, pois todo mundo andava a cavalo ou a pé. Com advento da tecnologia, as motos e carros substituíram os meios de locomoção. Não dar mais para conversar. Então depois de ouvir aquela conversa gritada, ela nos contávamos as novidades, mas nós já sabíamos, mas gostávamos de ouvir ela contar a sua versão, pra confirmar o ouvido. As vezes ficávamos sabendo da morte de alguém assim e o dia já começava triste. Depois apareceu a televisão com os plantões da globo e passamos a saber muitas coisas fora daquele universo, daquele cotidiano. Passamos a conviver com pessoas muito distante, Xuxa, Chacrinha e Cid Moreira. Bem, aquilo era tv, e lá em casa era coisa real, o que acontecia na nossa comunidade, no nosso distrito e em nossa cidade. Pessoas importantes alí eram médico, padre, dentista e comerciante, a polícia era a autoridade; nunca conheci um juiz. E era sob aquela estrutura de sociedade que construía mamãe construiu seu mundo. Sob as ordens severas de seus pais, irmãos mais velho. Aprendera sozinha a criar os filhos, e construiu toda a sua ideia de ordem e ordenava assim seu mundo, com seus soldados amados. Muito carinhosa, mamãe cuidou de nossa educação, achava importante que fossemos a escola, e nunca trazer conversas de fora pra dentro de casa. Então todas as manhãs quando acordava varrer o terreiro era o momento sublime em que ela organizava suas ideias e mantinha a ordem de sua casa, seu reinado.

terça-feira, 29 de março de 2011

Noite e suas peripecias

A noite veste um véu escuro,
estrelas acendem para ilumina-la,
trajada de gala a noite
oculta tudo que há de belo,
oculta a luz, oculta as cores,
mas a natureza roubou,
da caixa da noite
os sons e o aroma
e os deu as damas,
que se perfumam
e cantam diante da noite,
e atraem as paixões dos cavalheiros,
que as seguem
pelos seus sons e odores,
embrenhados no escuro,
nasce a paixão,
e a sensação de toque
faz as damas sentirem os cavalheiros
e estes aquelas.
A noite egoísta continua sozinha,
linda, mas sozinha
enquanto as damas,
e os cavalheiros se apaixonam
e cegam, se acostumam,
e se amam,
nunca abandonam,
a noite ao saber disso,
confundiu os cavalheiros,
e as damas doando diferentes aromas
e silenciando suas vozes,
tomando o tato como conhecimento,
desde então cavalheiros e damas
se encontram, mas nunca se reencontram,
estão sempre a procurar sua dama.
Quando é dia a noite se vai
e a ilusão da beleza
exposta pelas cores confundem
os seres que a noite se amam.

Luz

Conheci pessoas que não enxergavam muito cedo, pois todas as vezes que íamos visitar meus avós paterno, passávamos por um lugar esquisito, era um caminho onde só dava para passar duas pessoas a pé. Então quando já estávamos quase chegando na casa de meus avós tinha uma casa de tijolo cru, nua de reboco e em frente a porta tinha uma latada de folha de coqueiro onde estático ficava um senhor idoso, era cego e permanecia alí, parado, sentado, tal qual uma árvore a tomar a luz do sol. Nada se ouvia naquele lugar, não me lembro de ouvir meu pai cumprimentar. Era diferente aquele homem nunca ouvi ele falar. Só sei que via ele sentado sempre que passava. Achava muito estranho. Depois que passei a ir à escola conheci o João de Dalea que tinha um avó que também era cego. Não fora sempre cego, perdeu a vista com a idade. E na casa dele tinha um jasmim manga enorme, já falei que tinha medo de jasmim, pois é tinha, porque as pessoas utilizavam aquelas flores para enfeitar defuntos. O fato é que o avó do João ficava sentado o dia todo, calado. Chamava-se Chico de Vicente de Joana e falava as vezes com sua esposa, Eliza, ambos eram idosos. Bem não sei porque não tive medo dos cegos como tive dos deficientes. Mamãe conta que o tio de meu pai, usava seus sobrinhos para me assusta quando era pequeno foi ai que criei medo de deficiente, medo que perdi com a idade. Bem mais velho conheci o Francisco um parente que era cego, mas era um cego feliz. Francisco tinha uma gaita que tocava com muito prazer, as vezes levavam ele lá para a casa de minha avó e ele tocava sua gaita, ficava florado de crianças em sua volta. Bem Nessa vida nunca tive contato pessoal com cegos, nunca tive um amigo cego. Mas tenho lembrança destas pessoas que povoaram minha infância. Que me fizeram perceber que para uns a cegueira foi motivo do silêncio, sim pois aqueles que eram calados perderam a visão adultos, enquanto o Francisco da gaita nascera cego, superando sua deficiência com a voz, a audição e usando do instrumento para levar alegria a vida. Cada pessoa traça o destino que acha merecer. As deficiências não são entraves à felicidade.

Forma

O som da chuva na noite surda,
ecoa nas calçadas, no telhado,
gotas que caem e escoam pelo chão,
gotas que tomam qualquer forma,
e sem forma dissolvem-se chão,
água cristalina, pura escoa e se mistura
a sujeira que está no chão,
água que cai na noite,
não ver a manhã.

Barata

No meio da noite, no escuro silencioso do banheiro eis que a barata sentiu que aquela era a hora de por. Saiu do ralo, seu lar, para por na paz daquele lugar. Saiu e ficou ali paralisada, só se moviam as antenas pra lá e pra cá. Parada parecia sofre, enquanto um ovo enorme saia de seu abdome. Eis que acordei e vi ali a barata, não fiz nada. Decidi não acabar com a vida da barata, simplesmente peguei um papel higiênico e pus ela do lado da privada. Ela parecia agradecer, mas parecia gemer pelas antenas. Então ficou lá estática. Então fui para minha lida, mas antes fiquei feliz pois novamente ouvi o sino soar as seis da manhã. E quando foi a noite, quando voltei da faculdade. Depois de um dia puxado, mas muito gracioso, fiz várias coisas que gosto, li minha coluna predileta, fresquinha diretamente do Peru. Sabendo da morte do Senhor ex-vice-presidente José de Alencar, do fato de nosso ex-presidente Lula ganhou o título de doutor honoris causa em Portugal, enfim depois de uma tarde de chuva quando entro no banheiro o que vejo? A barata sendo esquartejada por um exército de formigas pretas, eram centenas, seu ovo e ela serviram de alimento para aquelas famintas e assassinas que não respeitaram sequer o momento de parto da formiga. Então já que a natureza é sábia. Deixei que as formigas fechassem a cadeia ecológica, mas aquela barata me olhou, parecia querer falar de sua dor, mas não conseguia se expressar. Não conseguia se expressar.

Pipoca

Engraçado que todas as minhas colegas de faculdade resolveram ter filhos, milho de pipoca a estourar, percebo que cada dia a mais uma pipoca estoura, mais uma criança, primeiro foi a Erica Cristina, depois Zizi e agora a Kênia, sem contar as que não estão no meu orkut. Que coisa meu deus, nunca imaginei a Zizi. Então a vi naquela foto segurando um bebe e curioso fui ver era o filho dela, minha nossa era a garota mais nova da nossa turma de faculdade e estava segurando sua prole, meu deus entrei em parafuso. Estou ficando velho, disso não tenho dúvidas, mas a Zizi, teve um bebê. Parecia tão menina. Bem eu acho que o tempo passou e nem percebi, e nem me vejo com um filho. E estouram uma a uma, daqui a pouco todas terão seus bebês. E eu? não tenho pressa. não tenho pressa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Norte

Nossos horizontes são tão pequenos quanto nossa capacidade de pensar, refletir e sonhar. Estes vão se ampliando a medida que vamos alimentando o pensar, a reflexão e o sonho. Certo dia me via preso a um lugar bem pequeno, com poucas relações com mundo, poucas vias para alcançar o mundo que desejava que pudesse proporcionar crescimento humano. Eu estava ligado aquele lugar pois alí estava toda minha origem, meus genitores; fora naquele lugar pequeno que aprendi a decifrar as palavras, aprendi primeiro a ler o mundo, aprendi a pedir comida e água, e foi naquela pequena escola isolada como o próprio nome, que aprendi o significado abstrato das coisas, juntando as letras, foi ali que comecei a ver uma nova luz, fui alimentado com a mais fortes das coisas, mais potente das coisas a PALAVRA, no começo não sabia da importância, mas percebia a estática que era um estado daquele lugar, então ao tomar tino da vida. Comecei a pensar o porque das coisas, do agir das pessoas, os modos, a religião, comecei então a construir meu mundo baseado no que via, havia ali sim o diferente e eu percebia a diferença, comecei então a refletir sobre essa diferença, comecei a construir meu mundo com base naquele mundo, mas queria mais que aquilo sim, aquele mundo era muito pequeno para minha imaginação, então comecei a sonhar, o que faria para poder sair dali, significava para mim liberdade. Tinham algumas formas uma delas era completar a idade e fugir para a cidade grande, mas isso não iria mudar muito, percebi que aqueles que iam embora sempre voltavam, com algo no bolso, mas voltavam, eu queria ir e não mais voltar, confesso que tentei, mas o destino e o amor dos meus pais por mim me fizeram esperar. A paciência foi fundamental, pensamentos profundos sobre valores, medos; reflexões e sonhos e de moeda tinha muita fé. Rezava todas as noites, meus pais estavam, sempre estiveram ao meu lado. De maneira que construí meu mundo ali, mas me preparei, pois meus pensamentos, minhas reflexões e meus sonhos me levariam longe. Aprendi todo o necessário para viver ali, cultivar a terra, criar animais e ter uma religião, dominando essas artes estaria muito bem ali, mas queria mais, queria o melhor para mim, mesmo achando que o melhor era o material, o ter, o saciar meus desejos. Então cai em profundos estudos, aprendi a gostar de saber, de ler seja o que fosse, mas não era fácil, pois não tinha um foco, até que uma professora de biologia me deu um norte, foi uma pessoa maravilhosa pois mostrou a beleza da vida, o estudo dos sistemas, da ciência da vida. Então projetei o meus sonhos para o estudo biologia e lutei com todas as garras, não foi fácil fiz três vestibulares, em anos diferentes foram dois anos de luta em vão, cada derrota tinha um sabor amargo, de frustração, de medo, mas só servia para alimentar meu sonho e um dia as coisas deram certo dei o pulo do gato,
meu sonho projetado deu certo e então sai dali. Sai do interior, mas o interior não saiu de dentro de mim, tive que aprender a me relacionar de maneira diferente com as pessoas, isso não foi fácil, mas enfim, suporta-se tudo e se vence. Hoje de onde estou, volto quase diariamente aquele lugar, vou buscar minhas reflexões, meus sonhos foram atingidos, preciso de novos sonhos, preciso potencializar minha vida. Então volto sempre aos lugares de minha infância que povoa toda minha mente. A minha razão está lá e aqui ao mesmo tempo. Muitas vezes sou aquele menino de bucho grande melado de caju, muitas vezes sou adulto e outras vezes não sou eu sou uma mistura de meus pais. Hoje tenho consciência de quem e do que sou, tenho consciência de mim, uma das coisas que mais me alimenta é conhecer, e como uma estrela que desponta no fim da tarde, sinto aos poucos vontade de passar o que conheço, espero ser uma estrela, um norte na escuridão de alguma alma. Se assim o for me sentirei pleno.

Devir

Quando na manhã o sol brilhar,
subindo lentamente do nascente,
quando o vento o acompanhar,
soprando bem lentamente,

as fruteiras irão acenar,
para o sol, para o vento incontinente,
o jasmim seu aroma vai exalar,
e a todo o campo perfumar intensamente,

as vacas irão ruminar e urrar,
quando a poeira do chão levantar calmamente,
as ordens da maestra a varrer e a cantar,

a vida parece tão plena, bela e eterna,
o vento sopra pra longe a manhã,
e o dia segue o caminho do eterno devir.

Janela

E não são pelas janelas que entram a luz, o vento, ar, poeira, vida. Não são por elas que vemos o que acontece fora do lar, não ela que abrimos para fazer a luz, o vento entrar, não são elas que cerramos para a chuva não entrar. Não somos nós responsáveis por seus movimentos. De dia abrimos para o átrio clarear e a noite para arejar, fazer correr a corrente de ar, não somos nós que delimitamos o que deve ser feito da janela? Não seria nós portanto os responsáveis por filtrar o que entra pelas janelas da nossa mente, nossa visão, audição, pressão, calor, frio, cheiro? Não somos nós que julgamos o que melhor nos convém? Tenho a liberdade de olhar para onde quero, de ver o que quero, de ignorar o que não quero, mas muitas vezes salta a nossos olhos, coisas que chamam nossa atenção, coisas que querem tirar de nós nossa liberdade de escolher o que devemos julgar, ou melhor querem tomar decisões do que devemos fazer de nossas janelas. O que deve ser visto, ouvido, sentido? Ah sim quem está aqui primeiro, impõe em nós seus sentidos na crença de que aquilo é o melhor, bem que seja o melhor, mas somos nós quem devemos saber a partir de nossas experiências julgar o que devemos fazer de nossas vontade e desejo. Somos nós quem devemos construir nosso mundo, muito embora, possamos seguir o mesmo sentido. Preste atenção, somos todos diferentes, aprendemos a ver e agir no mundo de maneira diferente, construímos nossas relações de maneiras diferentes, somos responsáveis pela beleza de nossos átrios, nossas mentes. Estamos constantemente aprendendo, regulando essa aprendizagem de acordo com a abertura que fazemos de nossas janelas. A luz torna mais belo o quarto pois podemos perceber as cores, os detalhes, as sujeiras escondidas; o ar areja da uma sensação de bem está, mas cuidado, não vês bactérias, poléns coisas que podem ser alérgicas para ti. É preciso muito cuidado para que, por que está abrindo a janela, apreenda os signos, racionalize sobre eles e perceba a essência das coisas, a partir de seus juízo de seu discernimento, faça o que melhor lhe convém, mas cuidado não acredite muito naquilo que promete uma potência exagerada. Seja cuidadoso com sua janela, seja cuidadoso com o teu ser. E seja feliz.

Chuva

 A Chuva é plena, Ela nos envolve, nos aconchega, Ela é tão plena que toda a natureza se recolhe para contempla-la As aves se calam pa...

Gogh

Gogh