quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Beijo

Vi

Os olhos que olham curisos aquilo que os espanta.
Sim aquilo que é novo espanta, belo ou ridículo, encanta.
Esses olhos que me mostram o mundo.
Deixou-me rubro, pois viu beijos femininos.
Ah, a culpa é dos olhos, nenhuma curiosidade.

Sim foi um espanto, não de preconceito,
mas sim de beleza.

Aquele beijo enamorado,
nunca tinha encontrado minha visão.
Atômito, ipnotizado quase parei debaixo de um carro.

Rubro duplamente rubro com o beijo,
com aquela expressão de afeto,
com o medo, da morte, da expressão do motorista.

Parei, me recompus.

Sai meio atômito,
minhas carnes tremiam de medo.
da morte ou da sorte,
de ver duas ninfas se encantando,
se enlaçando num beijo.
beijo duplamente feminino.


dia

Quando acordei, afoguei-me em angústia, dúvidas que me preocupam, que assolam o meu ser.
Então resolvi ficar em casa. E assim o fiz. abri a janela. A luz do sol, o frio, o canto do passarinho entraram no meu átrio. Fizeram-me sorrir.

Muriçoca

Delicada e elegante voa a muriçoca, com som irritante, desperta e suga um gigante.
Onde se escondes? Aparece!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

tarde da noite.

Quando é tarde da noite,
vem o sono,
e o vento chega de acoite,
trazendo os sonhos,
embalando histórias,
reeditando memórias.

Quando é tarde da noite,
a alma desprende do corpo,
e viaja pro mundo dos sonhos,
vai a fundo nas memórias,
em busca de histórias.

Quando é tarde da noite,
tenho que dormir,
para acordar cedo e ver o dia se abrir.
no sol.

Cinzas do São João

As cinzas

As cinzas da fogueira de são joão,
abrigam calor e brasas,
cinzas das chamas que alegram a noite passada.
cinzas de uma fogueira feita as pressas,
de improviso, com madeira velha e madeira verde, pra não queimar e acabar com a festa cedo.
Coisas de papai.

Quando chegava junho que alegria sentia. Começava logo no dia 12 dia de Santo Antônio, não sabia que era dia dos namorados, só sabia das experiências do santo casamenteiro. Tantas superstições engraças e ingênuas. Papai não fazia fogueira, pois nos preparávamos para o São João. E contava a dedos os dias que se passavam, esperando o grande dia. O dia dos bolos de milho, dos traques, das bombas, da queima de bombril. Eis que chegara o grande dia. Acordava feliz, pulava da cama e fazia tudo que papai e mamãe mandade, pois tinha que ganhar traques no mínimo vinte estouros ganhava. Botava água, cortava palmatória pro gado. Moia o milho prós bolos, prás broas. Mamãe sempre fazia dois ou três bolos. Um nos comíamos a noite mesmo e o outro ficava pra manhã, lógico que o melhor né. Então papai quebrava milho verde e assava na fogueira. Era um ritual, ajudava papai a fazer a fogueira. Pra isso saiamos sítio a dentro em busca de madeira seca, dos galhos ou cajueiros secos, papai cortava madeira de cajarana, que não é uma madeira boa quando seca, verde pra não queimar tudo até o fim da noite. Então chamava os filhos do meu vizinho para ajudar a carregar a lenha. Os pais deles não fazia fogueira, não creiam em santos, eram evangélicos. Então trazíamos o balseiro de lenha pro terreiro e antes das cinco horas estava pronta a foqueira, grande e linda. Às seis iamos todos para o terreiro ver papai acender a fogueira. Logo aquele fogo tímido saido da lamparina tomava conta da lenha. Os crentes passavam pra igreja e davam boa noite. As vezes Heleno vinha com Maria e Fernando lá pra casa. Então soltava o primeiro traque pra animar a festa. Pow, Lidiana minha irmã mais nova tinha medo de traque coitada e começava a chorar, pra ela creio que era um pavor a festa, acho que pra ela só prestava quando acabavam os estouros. um, dois, três... pow, pow, pow... Respondia longe lá prás bandas de Antônio Matins. Ouviamos o som do forró longe. Vinha o milho assado, o café feito na fogueira e o bolo. Que alegria, que festa. Viva São João!!!!
Eram sempre felizes as festas juninas.
De manhã cedo mamãe já acordava pra varrer o terreiro e as cinzas eram posta na valeta da frente. Sempre ficava a marca de queimado no chão que só era apagada com as últimas chuvas do ano. E a assim foram minhas festas juninas felizes, divertidas e abençõadas.

O percevejo

Um percevejo pousado no bebedouro, será que queria tomar água? apenas suas antenas quebravam a estática. Parei, enchi a xícara de água. e só por isso o percebi. O vi alí estático. Movia as antenas, acho que queria expressar algo, será que pedia por um pouco de água? Linguagem de símbolos, nem me comunico através do alfato, talvez ignore o percevegês não entendi nada, então ele começou a se movimentar. Acho que perdeu a paciência. Aquele corpo pequeno, compacto, cinza. Tentou se comunicar, mas eu não entendi nada. O que queria dizer? Quem sabe, talvez se um dia aprendermos a compreender os insetos, possamos ter uma boa conversa. Porque agora só dar para ficar assim, parados a contemplando a vida efêmera.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cara formiga

Quantas coisas consigo pensar?
Quantas coisas consigo pesar?
Se sou apaixonado pelo que expressa.
Se me atrai a atenção até o simples caminhar de uma formiga.
Se percebo a natureza em movimento, além de mim.
Se me encanta o som das aves, o cheiro e as cores das flores.
Se me encanta a dúvida.
Sou atraído pelo enigma da vida.
Se o mundo pode ser interpretado pela matemática,
então equações deduzem o marchar de uma formiga.
O que move uma formiga a viver?
Vida efêmera.
Elegante a formiga sobre suas patas desfila pra lá e pra cá.
Não sabe o que buscar.
O que é importante na vida?
Como avaliar?
Formiga, lagartixa, pássaros, não estão nem ai pra isso.
Simplesmente ignoram a razão de viver, de querer e simplismente. Vivem.

Busca

Quantas vezes cremos que estamos buscando a coisa mais valiosa, e acreditamos de de corpo e alma que se alcançado tal objetivo a vida vai mudar. Então mergulhamos na busca deste sonho, lutamos, trabalhamos e assim vivemos acreditando ser supremo o que fazemos. Mas e se descobrimos algo tão maravilhoso, sublime que compreendemos. O que devemos fazer? A dúvida nos consome. Parece não ter muita coisa a fazer. Segue em frente sem olhar pra trás.

domingo, 7 de novembro de 2010

Incerto

Não seio o que busco na vida. Muitas vezes sou tragado pelas paixões que crio em minha mente, inventar e reinventar motivos pra dar sentido a minha vida, nem sempre consigo ou as vezes tenho um bom motivo que com o tempo vai perdendo o brilho e fica ofuscado. As vezes me falta convicção. É preciso ser forte ter os nervos de aço para seguir uma jornada que se escolheu. As vezes falta paciência, outras vezes falta saco, mas é preciso entender que a vida é constituída de pequenas coisas. Os pequenos atos vão nos tornando experientes. Sem pressa a vida vai passando e nem percebemos, é como está diariamente diante de uma árvore e não ver que esta cresceu, não percebemos porque o tempo que demora pra árvore crescer é um tempo lento. A árvore precisa de tempo pra elaborar um tronco forte pra suportar o próprio peso. Dia a dia ela cresce, faça chuva ou faça sol, do inverno ao verão, no frio e no calor ela continua crescendo. Assim acontece conosco. Embora nos olhemos no espelho todos os dais não percebemos as rugas, não percebemos o quanto mudamos. Sempre olhamos para o futuro, esquecemos o passado e ignoramos o presente. Ora se só existimos no presente, pois nem o passado, nem o futuro nos pertence mais. E persistimos na eterna dúvida da busca. Em alimentar nossas paixões. Entendia mais a vida antes do que hoje, pois era a natureza que ensinava, a paciência e a calma. Que fui perdendo ao longo do tempo na busca de alimentar o imediato. Tenho certeza que tudo passará.
Pelo menos uma coisas ficará. As saudades da vida.

Banho

O corpo cansado,
ainda soado,
pede por um banho.

No banheiro peça por peça,
se despétala.
Despido até a alma,
enfim no banheiro,
somos nós mesmo,
sozinhos cúmplice,
apenas o espelho.

Muitas vezes nos encara,
nos questiona.
Sentamos na privada e pensamos na vida,
um alívio instantâneo nos faz esquecer quem somos.

Sob o chuveiro cai a água,
molha nosso corpo,
nossa alma,
nosso ser se molha.

E quando acaba,
por instantes renovamos,
revivemos, relaxados ressurgimos.
Com apenas um abraço da alma.

Dúvidas da vida

Minha mente está um embróglio, nem sei mais pensar, nem como pensar, o mundo não permite mais pensar. Como pensar se pensam por nós. Quando ligamos o rádio, a televisão ou nos ligamos na internet. Somos bombardeados com propagandas de compre isso, adquira aquilo. Promessas de que nossa vida vai mudar. Realmente recebemos uma avalanche de informações todos os dias, milhões de coisas são produzidas e nós, seres consumidores que somos queremos usufruir de tudo o que é novo, que vai mudar as nossas vidas. Ah! essa roupa vai me deixar mais bonita, ah! Esse batom. Hum, imagina eu dirigindo aquele carro. Que livros maravilhosos. Nossa você leu a veja, a isto é, o estadão... Estamos ficando paranóicos, querendo saber sobre tudo e todos. Não é fácil realmente o tempo encolheu, como absorver tudo em 24 horas, sete dias? um ano passa rápido. Meu deus já é novembro e ainda tenho memórias fresquinhas da virada do ano. Já vem o fim de ano de novo? E o que eu fiz? O que construí de novo? Não sei mesmo, parece que nada. Tenho uma certeza que consumi a maior parte do tempo em frente ao computador, consumindo meu tempo, alimentando minhas loucuras. Minhas loucuras? Será se são realmente minhas? ou será que todo mundo está nessa paranóia? Se todo mundo estiver não são minhas. Estou apenas seguindo o fluxo, a corrente louca do nosso tempo. Vivendo essa tal pós-moderinidade. Isso mesmo fui no google fiz uma busca e a wikipédia já deu até um conceito pra essa palavra veja:
Pós-modernidade é a condição sócio-cultural e estética que prevalece no capitalismo contemporâneo após a queda do muro de Berlim e consequente crise das ideologias que dominara o século XX. Está ai realmente somos loucos. É isso nós seres humanos somos todos loucos acreditando na razão. Somos regidos pelo poder hegemônico que dita como tem que ser as coisas. Dia a dia vamos absorvendo essas idéias, vamos perdendo nossas convicções. Tornando-nos escravos das ideias. Acho que estamos perdendo o referencial de seres humanos ORGANICOS. Cada dia mais acreditamos que podemos mudar o nosso mundo particular, acreditando que poder de consumo nos torna poderosos. Que grande engano. Queremos sumir com a morte, acabar com os ciclos da vida. Nascemos, crescemos e não queremos mais envelhecer, não aceitamos a velhice. Não queremos aceitar a realidade, por isso tempos que fazer de tudo para driblar essas fases. Por isso não paramos para pensar, pois se o fizermos seremos atropelados. E estou aqui coberto de dúvidas, medos e incertezas. Certas vezes escrevo algum verso, ouço a natureza, contemplo um por do sol, porque de onde venho as pessoas ainda tem tempo pra fazer isso, aliás sobra tempo de sentar na praça e conversar ou simplesmente senta-se na calçada da frente pra ver alguma pessoa passar, ou ficar contemplando a tarde. Sinto saudades daquele tempo, onde tinha muitos sonhos. Sim eu tinha muitos sonhos com estes alimentava minha mente, tinha tempo de pensar. Depois que cheguei neste mundo pouco tempo me sobra, tenho que consumir informações, fazer a tese... e pensar. Ai da droga do tempo novamente exigindo mais de mim. Eu sou só um ser humano orgânico que necessita comer, digerir, e descartar o que sobra, preciso dormir e esquecer o que tenho pra fazer senão não vivo pra mim, mas para o pós-modernismo. Senão a vida passará e quando não puder fazer mais nada, irei me arrepender de não ter vivido. Quando morava naquela cidadezinha não sabia que estava cavando minha cova. Pensei que fugir do cabo da enxada, da labuta diária, seria mais feliz. Não sei o quanto sou feliz e acho que muita gente tem essa dúvida. Imagine as pessoas que nasceram e cresceram aqui nesta ilusão de progresso que não sabem contemplar a natureza e que só sabem trabalhar. Que vida dura. Meu irmão já foi absorvido e só pensa em adquirir patrimônio para curtir a velhice. Acho muito legal conversar sobre os planos dele de ter casas de aluguel, melhorar a casa, não entendeu que a vida é o presente momento. Não sei explicar pra ele o mundo que conheço, mundo do conhecimento, dos livros, dos valores, das ideias, mas o fato é que sou igualzinho a ele e só mudei de foco. Ele acumula propriedade e eu conhecimento. Somos dois matutos vindos de uma cidade pequena com o sonho de progresso que estão passando pela vida. Aos poucos estou aprendendo a valorizar a vida, os instantes, mas estou pagando muito caro, dedicando minha vida a isso que faço e que sou e quero ser. Tomara não venha a perder a razão de viver.

sábado, 6 de novembro de 2010

Manhã efêmera

O sol só deu as caras ao meio dia, durante toda a manhã neblinou. Foi uma chuvinha fina, nem assim o calou passou, parece que minha casa é uma estufa. Acordei e fiquei deitado curtindo a preguiça. Pensei num monte de coisas, nada interessante a unica coisa interessante no ambiente era o canto das aves. E a manhã foi assim sem graça, sem luz. Agora o sol apareceu, espalhou o brilho por todos os lugares, nas gotas presa as folhas, no verde intenso das briófitas agregadas ao tronco das árvores. Pela janela aberta entra uma brisa fresca, úmida e trás o odor da magnólia.
Tomei meu café, pouco falei, colhi minha roupa seca do varal. Calmamente passa o dia.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

João de Licó

Uma das pessoas que mais nos servia era João de Licor, um senhor cheio de crença na bíblia, escrevia na parede da casa onde morava e da casa velha pertencente a sua sogra a sábia frase "Viva e deixe eu viver". Casado com Elita que recebeu o sobrenome de Elita de João de Licor. Ele veio do sertão lá para as bandas da morada nova. Depois que ficou viúvo casou com Elita. Nasceu e se criou no Jenipapeiro no município de Portalegre-RN. Ouvi muitas vezes ele falar deste lugar, ficava imaginando como seria. Tinha uma boa narrativa, costumava contar as histórias por meu pai que quase todas as semanas fazia uma boca de noite lá. Era assim desde que éramos criança. Sempre que ia pra lá a noite saia um café, um chá de folha de laranjeira ou um docinho, nunca faltava um agrado. Mais o melhor era ouvir as estórias que ele tinha pra contar. Fui crescendo sempre ouvindo ele falar dos sobrinhos que fizeram faculdade. Dois fizeram agronomia e um fez faculdade pra professor, biologia. Tinham feito a vida, ganhavam muito bem. Sempre que precisávamos de algo emprestado se ele tivesse nunca negava, ensinou todo aquele povo a ser solicito e era recíproco, só tinha um problema se emprestasse algo a ele tinha que ir buscar de volta senão ficava lá até precisar e se voce pegasse algo dele podia ficar o tempo que precisasse. Com ele não tinha frescura. Tinha uma voz arrastada, uma cabeça grande e os cabelos brancos desde que conheci-o. Andava sempre devagar. Acompanhava sempre o PMBD, foi assim até a morte. Nisso não concordava com papai que era do PDS. Eram como se fossem torcedores de times. Nem sabia porque era PMDBista, mas acompanhava o partido. Suponho que segui o partido que doutor Laci apontasse. Era muito amigo do Laci que foi um médico muito importante, diria que um dos primeiros que medicou ali na região. Desde que era pequeno ele via eu ler, estudar e dizia que eu ainda teria um bom futuro pela frente. Gostava quando nos domingos pela manha ele chegava lá em casa e ficava conversando até a hora de almoço. Nunca almoçava lá em casa ia era comer em casa. Sim, pois Elita cozinhava muito bem, gostava de comer carne de pato. Por isso ia pra casa. Quando vovó vinha passar uma temporada lá em casa, ele sempre vinha conversar com ela. Tinham quase a mesma idade. Aquele bom velho tinha uma língua afiada e quando se juntava com papai não sobrava ninguém em Serrinha do Canto que não passe na língua dos dois, três dependia do tamanho da turma. Quando fui morar em Natal não podia voltar em casa sem que ele fosse me visitar. Ficava muito feliz quando ia na casa dele, sempre saia uma broa com um copo de leite e uma boa conversa. Papai gostava muito dele, eu também pra mim era quase um avó. Faleceu velhinho com mais de 90 anos. Ele com certeza foi uma das pessoas que marcaram minha infância.

Vento da Noite

A noite

Quando caia a noite,
o céu peneirado,
todo estrelado,
o vento de açoite,

animava a noite,
elevando a poeira,
a luz ofuscar,

A ventania,
na noite vazia,
no vai lá
e vem cá,
canta a folha da carnaubeira,
a quenga de coco,
num tac-tac...
como um relógio,
ao tempo contar.

Nessa hora a noite chegada,
a rua parada,
não passa ninguém,
ninguém vai ou vem.

E o vento sorrateiro,
vento ligeiro,
a varrer a rodagem,
os terreiros.

E demora a passar,
mas parece um cargeiro,
a passar, passar, passar
e quando passa,
leva a noite,
só deixa a manhã limpa.

Chuva caiu

Fazia dias que não chovia. As plantas já estavam sedentas por água. O sol escaudante brilhava intensamente todos os dias. Fazia um calor infernal. Então hoje o fim da tarde ficou nublado, o céu sumiu, azul escuro, de nuvens. E assim escureceu. Achei que não iria chover, pois ventou um pouco, mas mesmo assim fazia muito calor. Então pingo a pingo foi caindo a chuva, foi engrossando e a orquestra se animou, não foi aquela chuva, foi algo tímido, mas veio desliguei até o ventilador. A natureza muitas vezes nos surpreende, nos traz coisas boas e a chuva pra mim é uma delas. Agora a noite segue escura, mas úmida ao sabor do som de gotas que despontam das folhas das árvores, dos fios. É a natureza da mãe terra atraindo para se a fonte de vida a água.

passa

O cão ladra na rua vazia,
cães respondem quebrando o silêncio.
O vento assanha as folhas da acacia.

A manhã passa!

Bom dia

Mal amanhece e toda a passarada já está numa cantarolada,
o cheiro da magnólia entra pelas frestas da janela e perfuma meu quarto.
Meu quarto parece está vivo, pois está tão quente,
deixo-o a meia luz só pra ver a chegada do sol.
Ronca ônibus no começo da rua e logo passa.
Canta forte o sanhaçu, bem do meu pé de acacia.
Canta o galo longe.
Ligo o rádio baixinho pra ouvir as notícias, e não desconectar da vida lá fora,
do som das aves.
Assim começo meu dia.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Músicas

Meu gosto por música não é lá apurado, nunca foi, aliás faz tempo que não ouço música. Na verdade quando morava em Serrinha, não tinha muitas opções, ou melhor, não tinha opções. Tinha uma ou duas fms e um monte de fitacassetes. Basicamente o que ouviámos era música brega, forró e sertanejo. Alguns cantores marcaram muito minha infância um dos que mais lembro e de Amado Batista, mais tarde vieram as duplas sertanejas e a minha predileta era Leandro e Leonardo. O grande sucesso "entre tapas e beijos" foi muito marcante pra mim, estourou no ano de 1988. Lembro porque na época vendia dindin no Porção, uma comunidade próximo a Serrinha do Canto, nessa época tinha nove anos. Era o climax das pessoas irem para São Paulo fazer a vida. Com a baixa escolaridade das pessoas pouco conseguiam, pois os empregos não ofereciam muito. Então era febre ir para longe e voltar no fim do ano com tênis de marca, camisas da hora, e um dois em um, e muitas fitas. A mulherada ficava maluca, com os patrícios vindo do sul. E o que tocava era a dupla Leandro e Leonardo. Eu pensava um dia irei pra lá e vou voltar pra namorar todas as meninas. E sonhava ouvindo as sertanejas. Nada disso aconteceu. Desgostei das músicas. Mais ainda quando ouço tenho boas recordações.

Música


Hoje quinta-feira houve apresentação da orquestra sinfônica da Unicamp no saguão ao lado da DAC, onde foi apresentado quatro músicas. A primeira foi uma música de uma peça de Shakespeare A megera domada, a segunda foi de um compositor alemão, a terceira uma opera de titulo O segredo de Julia e por fim uma composição de Gustav Holst. A orquestra sempre se apresenta as primeiras quintas do mês. Acho um espaço muito interessante para conhecermos mais sobre música, um momento pra contemplar a bela música. Bem que poderia ser mais frequente, mas já está bom. Assim mesmo.

Convolvulaceae

Ipomoea, Merremia, Jaquemontia, Evolvulus fizeram parte de minha infância,
mas como sendo diversas jitiranas.
Não é impressão não no sítio onde morei as estrelas caiam do céu pela manhã e se transformavam em plantas de estrelas. Transformavam-se em flores, azuís, como Ipomoea nil, Ipomoea parasitica, Evolvulus cordatus; rosas como Ipomoea bahiensis, Ipomoea incarnata, Ipomoea asarifolia; brancas como Merremea aegyptia, como Jaquemontia densiflora. Foi na infância que me apaixonei pelas flores. Fui um apaixonado pelas estrelas, fui amante das Ipomoea.
Lembro de ver verdadeiros céus de flores dia a dia. Quando no fim do inverno o céu tornavam-se bem mais azuis e os carrascos com mameleiros cobertos por Jitiranas tornavam-se rosados.
Aprendi a trabalhar, colhendo ramas de Ipomoea pra alimentar os porcos. Sim foram nas folhas de Ipomoea que descobri a forma do coração.
Foi as Convulvulaceae que me fizeram botânico.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O curral

Desde que sou gente, vejo como meu pai dar um jeito nas coisas lá de casa, nas portas, na cangaia, nas ancoretas em tudo. Meu pai sempre arrumava as coisas com um pedaço de arame e a troquesa velha. Nunca vi uma troquesa igual só papai tinha ali naquele povoado, as pessoas tinha alicates, mas troquesa so papai. Enfim não era diferente no curral. O curral de nossa casa ficava a uns 300 metros de casa, não dava sequer para ouvir o badalo do chocalho tinindo. Só as vezes quando a vaca paria e ficava lambendo a cria. Quando as vacas estavam prenhas, uma forma de saber se o bezerro nascera a noite bastava ouvir o soar intermitente do chocalho e já sabíamos que a vaca pariu. Então papai como era homem corajoso, saia na escuridão para conferi. Levava na mão uma lamparina, não deixava nos irmos juntos, ia sozinho. E quando chegava anunciava que era bezerro ou bezerra. Era muito bom saber que a vaca parira porque em pouco tempo teríamos leite a vontade pra tomar com café, pra comer com cherém de milho ou com cus-cus. Uma vaca era uma fartura. Papai sempre teve um gadinho pouco mais tinha. A primeira vaca que tenho na memória que papai possuiu foi careta que tinha esse nome por ter a cara branca e o corpo preto, parecia que fazia caretas. Foi a melhor vaca que papai teve. Era muito boa de leite e muito mansa. As vezes mamãe ia tirar leite e ela mesmo que arriava as pernas de careta. Nunca deu um coice. Já a filha de careta a novilha que mancava de uma perna era muito arisca corria atrás de quem era mole. Não gostava da novilha, lembro que papai vendeu e mataram ela lá no curral mesmo. Nunca gostei de ver matarem animal. Não olhava nunca. Papai também não gostava de ver. Depois papai vendeu careta não por açougue, vendeu a um comerciante, não queria saber que mataram careta. Papai gostava muito daquele animal. Bem outra vez papai comprou uma vaca velha, muito boa de leite, com chifres grandes. Veio o inverno e papai foi para São Paulo e colocou ela no sertão numa manga. A vaca já era velha e morreu no certão, parece que ela comera tinqui, uma planta venenosa, que mata o animal de barriga inchada. Uma vez papai comprou uma vaca preta de Levi lá em Pau dos Ferros essa vaca era muito boa de leite, e mança. Na seca de 1993 a situação ficou muito ruim papai vendeu todo o cercado e ficou só com essa vaca e a bezerra dela. A coitada passou muito mal comia rama árvores que ia buscar na cerra de Zé da Maniçoba. Comia rama de Anemopegna e de Copaifera não sei como não morreu. Papai comprava um saco de resídio era com que escapava, dava pouco leite isso mesmo tinha o gosto forte das plantas. Por não lembro mais do gado de papai. Lembro do curral. Aquele curral velho e simples. Com madeira velhas e tortas sustentando a cerca. Uma cocheira que caíra várias vezes, mas papai ajeitava sempre novamente. O curral era dividido em duas parte uma para o gado solteiro com uma cocheira divida em dois lugares um para colocar água e outro para por ração. E o lado maior para as vacas leiteiras. Tinha uma porteira velha no nascente e o poente era fechado sempre de cochete. divida por uma porteira que papai fazia.
O solo tinha barro vermelho, e era preciso quase sempre tirar o pau originado das fezes das vacas. Aquele pau quando estava seco cheirava muito. Gosto do cheiro de esterco de gado. Era alí que nos tirávamos parte de nossa alimentação de nosso sustento, quando era inverno sobrava leite, então lá ia eu vender leite na cidade, pra comprar alguma coisa pra casa. Eu era péssimo vendedor, tinha vergonha de gritar pra freguesia anunciando a mercaduria. Imagina que já cheguei a voltar com leite. Era muito ruim vendedor. Eu e minha vergonha. Dinheiro branco. O dinheiro do leite e dos ovos que vendíamos eram sempre da mamãe, pai nem via a cor. Foi do curral que tiramos dinheiro, foi de lá também que tiramos pau para adubar a terra de nosso sítio.
Naquela vida todos que ali moravam viviam da mesma lida. Era o curral uma forma de economia rural.

Contemplar

Só sei contemplar,
nunca aprendi a conversar,
minha vida sempre foi contemplação,
não sei descrever a natureza,
não sei descrever a beleza,
sou como a natureza contemplativa,
contemplo como a estrela que contempla,
como a lua que contempla,
e como a poesia que concretiza a completude.
e ensina a contemplar.

Contemplar

Só sei contemplar,
nunca aprendi a conversar,
minha vida sempre foi contemplação,
não sei descrever a natureza,
não sei descrever a beleza,
sou como a natureza contemplativa,
contemplo como a estrela que contempla,
como a lua que contempla,
e como a poesia que concretiza a completude.
e ensina a contemplar.

Contemplar

Só sei contemplar,
nunca aprendi a conversar,
minha vida sempre foi contemplação,
não sei descrever a natureza,
não sei descrever a beleza,
sou como a natureza contemplativa,
contemplo como a estrela que contempla,
como a lua que contempla,
e como a poesia que concretiza a completude.
e ensina a contemplar.

Parte

Parte de mim parte,
parte de mim fica,
parte de mim é dor,
parte de mim é amor,
parte de mim é felicidade,
parte de mim é tristeza,
parte de mim está completa,
parte de mim está vazia,
parte de mim é poesia.

Conheço-me por parte,
pois sou um ser incompleto,
a incompletude faz parte do ser,
a vida é uma eterna busca.

Só no amor me sinto completo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A oração

Uma vez minha vó pra mim uma oração que decorará na televisão vendo a missa de Aparecida.
Enquanto ditava eu escrevia,
rezou aquela oração com tanta alegria,
encheu meu coração de paz,
enquanto ditava sentados nas cadeira de balanço de mamãe,
num vai e vem eu escrevia,
se materializavam suas palavras,
num documento
vó me presentiava com uma oração,
concluída,
pedi pra ela assinar,
assinei junto,
já fazem quatro anos redondos
e não decorei aquela oração
que vovó aprendera idosa,
as vezes sentado no corredor a ler,
via os lábios de vovó a orar,
balbuciava aquelas orações,
se benzia e ficava a contemplar a frente de minha casa,
a ver a vida vivida resumida a balanços,
e a uma conversa graciosa comigo,
ou a receber beijos meus de meu irmão Roberto.
Me sentia bem faze-la feliz,
amada.
Deixou-me uma oração,
ditada do coração.

Adaptação


Passei no vestibular, me mudei para Natal a capital do meu estado, Rio Grande do Norte, fui fazer universidade pública. Não tinha dinheiro para me manter, meus pais eram agricultores, então consegui uma vaga na moradia. Fui morar na moradia estudantil. O apartamento que me acolheu foi o 14. Onde fiz meus primeiros colegas que depois viraram grandes amigos. Eram cinco pessoas Anderson fazia Engenharia de Computação, Erivaldo Economia, Felipe Zootecnia, Gilsão Educação Física e Juan Engenharia Têxtil. Juan foi quem primeiro se tornou colega, depois Erivaldo, e por fim Anderson. Felipe e Gilsão eram muito na deles não ligava para um calouro. Foi uma época muito difícil de adaptação, reeducação. Tive que aprender a viver com pessoas que não conhecia, perdi totalmente minha privacidade. Passei uma semana dormindo muito mal. Não conseguia dormir com a luz acesa, dormir tarde. Quando morava em casa a hora mais tarde que dormia era as 22:30, mas tive que aprender a dormir as 23:30, às vezes a meia noite. Imagine morar seis pessoas num quarto de três metros de largura por 5 de comprimento. Com três beliches, 6 armários e um computador e sujeira. Nosso quarto era uma bagunça total, roupas sujas, calçados sujos. Pensei como vou resistir a isso. Banheiro comunitário, com um mictório enorme, mais parecia uma valeta erguida, com paredes incrustadas de sal cristalizados da urina, exalando um cheiro forte de mijo. As privadas tinham tampas pra sentar amarelas de sujo, as paredes pretas de porra. Descarga de porra onde uma multidão de estudantes descarregavam seus desejos. Era ali que todos os dejetos humanos, desejos eram descartados, numa sujeira enorme, como fazer o primeiro cocô naquela privada. Eis um drama o banheiro me provocava medo. Pra mim que vinha do mato, que fazia cocó no mato, sem papel higiênico ou descarga, as fezes muitas vezes no interior servem pra alimentar as galinhas. Em Serrinha eu cagava era no mato, as vezes debaixo do mufumbo. Bem foi um drama sentar naquele trono amarelo. Enfím sentei e fiz e fui me acostumando. O chão da moradia era coberto com uma cerâmica pequena vermelha. Em frente a cada quarto tinha um balde de lixo onde punhamos os lixos ou escarravamos, tinha uns animais que escarravam na tampa ou na parede. Naquele ambiente não se tinha o mínimo respeito ou moral. Alí tinha mais moral aquele que arrotasse ou peidasse mais alto. Tinham os rapazes muito educados que nunca faziam isso, mas não pertencia a esse clã. Tinha uma cozinha que ficava no final do corredor junto do banheiro que o mal cheiro de bosta muitas vezes misturava com o cheiro do café. Era na cozinha onde as vezes tirávamos um som. Som de Legião, Barão ou Capital. Bem no salão de entrada tinha uma televisão coletiva que a maioria decidia que seria assistido. Senão quando muito quem chegasse primeiro. Era nesse salão que ocorriam as reuniões que as vezes saia até briga de boca. Tinham duas portas uma de entrada principal e uma que dava para os fundos, malditos tinham uns folgados que faziam xixi ali mesmo por não terem coragem de ir até o banheiro. Certo tempo ali fedia a mijo. Bem nessa sala tinha uma saleta do computador que quase ninguém usava e uma sala do telefone. Bem pra moradia toda os 96 estudantes tinha dois telefones. O orelhão de fora que a tolerância de tempo eram 15 minutos e o telefone de dentro da cabine cuja tolerancia era 5 minutos. Este de detro podia-se ligar para dentro da cidade de graça e receber ligações de fora, pedia pra meus pais ligarem sempre para o orelhão, pois daria mais tempo para falar as notícias. Ou falar com a namorada que arranjei depois.
Mas enfim nos primeiros dois meses perdi 10 quilos voltei pra casa muito magro, tive uma herpes labial muito intensa, ficou feio minha boca com aquela chaga. Primeira vez que fui pra casa foi no dia da votação para prefeito, quando cheguei em casa chorei tanto, muito. Nem imagina quão grande foi minha alegria ao subir a serra do Martins, chegar em casa. Pai me dizia que podia desistir, mas eu só chorava, tinha medo, mas aos poucos estava aprendendo. Adaptando-me, crescendo. Tinha apenas 20 anos. Foi ai que minha segunda vida começou.

Findados

Hoje acordamos tarde, quase não fizemos nada só curtimos a preguiça. Assisti um filme, almoçei e vim pra Campinas. Parecia domingo, mas já é terça. Quanto tempo dentro do ônibus, esperando. Quanto tempo impaciente. Dei tchau a meu amor e vim embora. Estou cansado.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meu aniversário

Hoje ganhei um bolo de aniversário só meu. Não tinha velas, foi-se o tempo das velas. Mais ganhei presentes. Maravilhosos presentes, maravilhosos risos de felicidade. Compartilhei com meus irmãos e parentes risos de alegria, festa tal qual poesia. Comemos e bevemos, sorrimos e juntos comemoramos meu aniversário e 31 anos. Meu pai me ligou, minha mãe me parabenizou. Minha amiga ligou. Hoje esqueci do mundo além de mim. Vivi o meu mundo subjetivo. Matuto. O bolo era coberto de chantili com cerejas. Susi até fez delícia de abacaxi. Não tenho muitas lembranças desta data, nunca foram lá essas coisas pelo menos eu não ligava. Algumas vezes simplismente passaram sem muita graça. Quando morava em casa sempre comiamos uma galinha e um bolo. Mamãe fazia questão de fazer uma comidinha melhor. Na vida algumas coisas simplismente são maravilhosas por serem simples. Obrigado

Hoje

Hoje quando acordei garoava,
pequenas gotas de chuva,
levadas ao vento,
molhando as folhas das árvores.

Fazia frio,
não queria levantar.

Quando acordei, não percebi nada de novo.

Acordei e vivi intensamente o dia de hoje.

domingo, 31 de outubro de 2010

tempo

Tempo luz,
O tempo que passa,
que cruza a praça,
desgasta a tinta da catredal.

O tempo que passa,
que passa de graça.
desbota a pele, enruga a face,
e faz de fases nossas vidas.

Cada coisa esquecida,
boas ou ruíns,
apagam da alma o gosto do viver.

Marca o tempo marca,
na dor, na pele, na paz, na guerra ou em qualquer lugar,
não dar para esperar,
a vida é uma viagem,
os trilhos são cromos.

E nos só mortais...

Aniversário

O tempo passa.
Dentro de poucos minutos outubro passou e já não poderei dizer que tenho 30 anos e sim 31 anos. É foram 31 vezes que os outubros passaram pra mim. Antes de dormir terei fechado mais um ciclo na minha vida e a menos de meia hora completarei mais um ano. Menos de meia hora é só o que falta. Quantas meias horas não perdi no ano pensando em vão. Se somada o que poderia fazer com esse tempo? O fato é que passa, sim se estivesse parado ou se tivesse viajado o mundo teria passado. Não adianta, não congelamos o tempo. O tempo nos molda, tudo nos ensina, pois este nos consome. A partir de um certo tempo passamos a sermos mais realistas. Perdemos a magia da vida. É quebrado o encando do viver e se não formos fortes podemos vir a sucumbir mais depressa. Ainda ontem mamãe me beijava desejando feliz aniversário. Cada aniversário é um dia de reflexão. Não é um dia feliz. É um dia de reflexão. Pulsa na tela o curso como num relógio segundo a secundo cobrando letras, palavras, frases. Não posso fazer para de piscar. A menos que escreva. Não posso para de pulsar minha vida a menos que a escreva, se o fizer pelo menos não terei peso na conciência que o tempo não para.

A presidente

Hoje foi um dia muito especial, daqueles que não se tem todos os dias. Acordei mais tarde como faço todo fim de semana, tomei um bom café. Bem depois fui pra casa de meu irmão. O dia estava claro, as ruas vazias. Hoje foi dia de plebiscito para decidir quem será o próximo presidente da república. Os candidatos que estão concorrendo são Dilma e Serra. Estava torcendo pela Dilma. Bem cheguei na casa dele que não estava em casa. Pouco tempo depois ele chegou conversamos um pouco, em seguida fomos ao mercado. Cruzamos as ruas conversando sobre negócios, economia e vários assuntos. Cruzamos a feira e fomos no mercado, compramos as coisas e voltamos pra casa. Ficamos conversando. Subimos fomos para a área de cima onde tem uma paisagem muito urbana. Aquelas ruas tordas, irregulares, com subidas e descidas. Paisagem de periferia. Depois descemos e ficamos conversando até o almoço sair. Almoçamos, depois ele e a esposa foram justificar o voto então fui com minhas irmãs, meus sobrinhos, minha namorada e meu cunhado para o shop. Foi muito bom ir com os sobrinhos para o shop, me diverti muito. Briquei de várias coisas, tiramos muitas fotos. Quando saimos do shoping passamos numa pizzaria e então lembrei. Quem ganhou o pleito. Logo que liguei o rádio em pouco tempo foi anunciado o resultado. Temos a primeira presidente mulher do Brasil. Fiquei muito feliz com esse resultado. Essa campanha foi realmente muito longa e desgastante com muitas mentiras, muitas acusações até algumas baixarias, mas a mulher ganhou. Eis que foi um exceente dia.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Worry

É difícil pensar quando se está preocupado com algo. Não se consegue raciocinar. Tudo em minha mente está embrulhando, num verdadeiro caos. Atormenta-me ter coisas pra fazer sem saber como fazer. Ah, quantas coisas para fazer e pouco tempo para executar. Fico me debatendo imaginando o que farei primeiro. Não consigo prender a atenção a nada. Tudo me incomoda, a luz do sol que pela janela, o computador aquecido, a cadeira que sento até meus vagos pensamentos. Fico estático tentado pensar, concentrar-me e nada. As frases não se agregam e não saem. Nenhuma ideia ou texto fluem. Cada instante perdido me apavora. Algo poderia me ajudar? O que fazer? Não sei dançar um tango argentino. Quem sabe o sabiá que canta lá fora não saiba? Vive sempre feliz da vida a cantar, comer, reproduzir e criar seus filhos. Vida dura de sabiá ter que sair em busca de comida no mundo que conhece, sem pedir ou roubar é dono de tudo que ver. Não sabe de seu futuro ou passado, talvez não interesse o que importa é o instante presente, por isso canta. Trabalha para um pouco e canta. Não se preocupa como vai achar comida, talvez saiba, sabe que na vida tudo é incerto, porque não me apego a isso? Não se preocupa com o amanhã. Canta lá fora, nada o incomoda. É dia de sol. Está a cantar. Eu fico aqui preso em meus pensamentos, com meus receios, minhas preocupações. Será que um dia isso vai mudar? Quem me dera ser um sabiá. Mas não vou continuar tentando matutar.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Rotina

Acordei, mecanicamente quando o celular despertou exatamente as cinco horas e quarenta minutos. Fui a cozinha e comi uma banana e um pedaço de mamão. Fui ao banheiro e Escovei os dentes. Pus uma blusa, peguei minhas coisas, minha bicicleta. Tive uma grande alegria quando liguei o rádio no exato momento que Heródoto anunciava que os ministros do STJ tinha impugnado a campanha de Jader Barbalho. Quando ouvir aquilo sai sorrindo por dentro e por fora rindo, muito feliz pensando esse país ainda tem jeito. Um político que para não ser cassado renunciou ao mandato. Mesmo depois destes fatos ainda foi eleito por dois mandatos. Agora está fora do jogo, imagina um político que desviou dinheiro do Sudam. Teve o que merecia muito tarde. De resto fui pra universidade. Quando cheguei lá li o que queria ler e depois fui para o herbário separa as plantas que tinha que descrever. Terminei já era mais de quatro horas. Então vim pra casa. O sol brilhava forte ainda. Cheguei em casa tomei água, troquei de roupas e fui pedalar. Exatamente quando passava em frente ao convento o sinos dobravam indicando que eram seis horas. Então na praça dos cocos fiz minha atividade física e vim pra casa. Jantei tomei banho. Fiquei lendo até as 10h. Agora estou aqui vendo o que fiz no dia. Recapitulando. Estou cansado e com sono. As vezes queria uma outra rotina, sou muito apegado a rotinas, mas abuso delas. Queria fazer algo diferente. A vida é boa, mas as vezes fica muito morgada.
Boa noite

ocaso na tarde.

O silêncio da tarde,
Calma a tarde se entrega a noite,
ninguém vê-la partir,
nem a noite chegar.
Hora do ocaso,
onde a luz do sol,
vai-se sumindo,
sumindo,
o sol já partiu,
mas sua luz se vai.

Sua luz se vai,
trazendo o silêncio da natureza
que recatada se absorve.

A luz parada,
árvores paradas....

chega a noite.

O cheiro simples de sabonte.


Quando era pequeno não havia muita frescura pra tomar banho lá em casa. Não nosso banheiro não tinha chuveiro elétrico, aliás não tinha sequer chuveiro. Tinha sim um tanque grande que cabia três cargas d'águas. Todo dia gastava-se duas cargas d'água com banho lá em casa. A porta do banheiro era uma porta velha com furos era preciso usar a toalha pra fechar os buracos, imagina que tinha casas que os banheiros não tinha sequer porta, usava-se uma cortina. Mas lá em casa papai faz uma porta velha de madeira de umburana, vez por outra pai usava um lata de óleo espichada pra tapar os buracos. Bem pra tomar banho usava-se sabão pra lavar e sabonete pra enxaguar, tinha um sabonete, mas não se lavava a cabeça todo dia que era pra render. Era um sabonete para a semana pra todo mundo. Ah era toalha única pra todos. E todo mundo só tomava banho no fim do dia, a não ser que fosse pra escola. Adorava o cheiro dos sabonete um cheiro singelo, gostoso, desconhecia cheiros artificiais. Quando era pequeno não curtia muito banho porque sempre que ia lavar o rosto caia espuma nos olhos e haja ardência, não era como hoje que tem tudo da Jhosnon sem ardência. Quando usava o sabonete as vezes punha a caixinha nas roupas pra dar aquele cheirinho bom. Apesar de tudo, todos os dias tomavamos banho, um mas tomavamos e ficávamos cheirando a palmolive ou lux.

Lá em casa tem um sabiá, ah que ave sabida imagina que fez um ninho bem na linha do telhado da área da frente. Aquele ninho quentinho e confortável. De manhã cedinho ouvi ele cantar e quando saia flagrei-o cantando ali mesmo no ninho não se dava ao trabalho de sair do ninho pra cantar. Canta uma, duas, várias vezes. Engraçado como me divirto muito com as aves. É uma relação de amor. Que sabiá sabido.

Canta como quem faz poesia,
canta numa alegria,
de manhã ou de tarde,
não tem hora pra trabalhar,
vive feliz a cantar,
vida boa, vida de sabiá.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Papa capim


Hoje quando voltava do Bandeco vinha eu perido em meus pensamentos, meu olhar vagando nas paisagens. Quando num instante ouvi um canto, era um canto diferente. Um canto de ave daqueles cantos que sempre encantaram. Ouvi bem próximo a mim. Estava alí numa touseira de capim, Panicum maximum, cantando eu conheço como papa capim lá em Serrinha nós sempre chamava assim papa-capim, lá pras bandas da gruta de Crejo o povo chamava de cabeça preta, e em Alexrandia o povo chamava de bigode, mas na verdade o nome científico é Sporophila ardesiaca da família Thraupidae. Como pode uma ave tão pequena com um canto tão belo, singelo. Engraçado que lá em em casa só apareciam durante a época de chuvas quando o campim tava todo cacheado. Bem envolta de minha casa tinha muitas palmatóreas, papai não plantava dentro das palmatóreas pra não arrancar as raises, as rizes dos cactos são muito superficiais, então cresciam vários tipos de gramineas, Cenchrus, Paspalum e Digitaria. Tinha em minha mente que eles adoravam os Paspalum, pois eram tão lindos. Adorava ver o macho e a cheta pousarem sobre o pendão do capim. E ouvir eles cantarem e como cantam. Sempre quis ter um pra mim, preso numa gaiola meu cantando pra mim. Tinha essa ideia louca. Uma vez meu primo Claúdio de tia Teinda me deu um muito bom. Cantava muito, mas não durou muito num dia que fui por comer pra ele, então este voou fiquei muito triste neste dia. Senti uma dor no peito de dor. Bem então quando eles chegavam faziam a festa, tinham muitos. Viviam sempre um macho e uma fêmea. Bem Aquele som me fez parar, pensar, ouvir e contemplar um pouco do meu dia.
Cantou várias vezes, então segui para o trabalho e ele ficou lá comendo e cantado. Eles seguem o que está na bíblia que não trabalham, nem se preocupam com o amanhã. Vivem felizes.

Feriado esticado

Fim de tarde que antecipa o feriado esvazia as ruas, até a tarde está mais calada, triste. As aves já se recolheram. A noite vem vindo sozinha, calada.
Amanhã é feriado a rotina só será quebrada na próxima quarta.
a noite segue silenciosa.

Respeito

Quem não respeita o outro não respeita a si mesmo. Sempre que venho pra universidade respeito o sinal, pois se não o fizer poderei sofrer as consequências. Poderei ser atropelado, mas se um cara só por está numa mercedes cortar o sinal, ainda mais quando estou passado, se o sinal está livre pra mim. O que posso fazer? Passar por cima não dá. Hoje quando vinha pra universidade o sinal estava aberto para os ciclistas, sou um destes, aconteceu que enquanto pessoas normais pararam antes da faixa um idiota só por está numa mercedes ultrapassou o sinaleiro. Quase me acidentou, não resistir, um grito reprimido veio a tona, um xingamento. O idiota seguiu como se nada tivesse acontecido. E eu emocionado, puto, segui em frente com mil, maus pensamentos. Senti agredido, fiquei irado. Passou, mas como suportar as pessoas que vivem desatenta, sempre quebrando as regras. Depois se briga e não se sabe qual o motivo. Não respeitar o outro e desrespeitar a si mesmo.

Manhã

Manhã vazia e fria.
O sol nem nasceu,
mas canta o sabiá, o tico-tico, o sanhaçu.

As rua vazia e fria.

Encontro uma pessoa aqui,
outra alí,
sinal já funciona,
o posto de gasolina também.

Passa um ônibus que vai para o terminal de Barão.

Não tem bêbados na rua hoje,
só nas sextas de manhã.

Essa rotina, manhã seguindo sempre,
enquanto aqui estiver.

manhãs frias e vazias.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Minha religião

Minha formação religiosa é católica. Toda minha família fora católica, na casa de minha avó paterna tinha até um altar, já nas outras casas, resumia-se a fotos e terços, santinhos. Lá em casa tinha um quadro que papai comprou no Canindé no Ceará. Gostava de ver aquele quadro, tinha um Jesus com um olhar triste e um São Francisco. As vezes ficava deitado na rede do meu quarto mirando aquele quadro que viria significar aquilo, não sabia, não entendia. Bem, como sempre moramos no sítio e a igreja ficava na pequena cidade de Serrinha dos Pintos que na época não era emancipada ainda. Com um padre único para uma paróquia enorme, nosso distrito tinha apenas duas missas no mês, as primeiras quintas e nos terceiros domingos do mês. Então como eu e meus irmãos erámos muito criança, não podíamos ficar em casa só. Na primeira quinta as vezes papai e mamãe arrebanhava a turma e nos levava para a cidade. Quando chegava na cidade quase sempre passava na casa de uns conhecidos deles, nossos, na casa de seu Chichico de Apolonha, não sei de onde veio a amizade de pai com aquele povo eu não entendia nada ou a casa de seu Leopoldo, pai de Tica uma vizinha nossa. Não gostava muito de ficar na casa de seu Leupoldo, porque tinha dois deficientes físico, Chico e João. Era uma luta pra eu ver eles, chorava, fazia um espetáculo. Não entendia como aqueles corpos ficara deformados imóvel, me assustava. Bem então íamos finalmente para a igreja. Nossa como era enorme aquela igreja mais alto umas quatro ou cinco vez mais alto que o teto de minha casa. Não gostava da igreja, não entendia nada lá. E o tempo demorava uma eternidade para passar. Como morava no sítio era meio matuto, morria de medo de me perder no meio daquela multidão. Aquela multidão me apavorava, era gente pra dar com pau. Nunca tinha visto tanta gente, sentada ou em pé ouvindo um homem falando. Mamãe queria que eu fosse sentar lá nos batentes do altar, mas quem disse que eu tinha coragem. Ficava ali no colo dela ou em pé. Não prestava atenção em nada do que diziam. O que me chamava atenção era o dançar do fogo da vela, ou o chão da igreja. Isso mesmo o chão tinha umas cerâmias ou sei lá que piso era aquele que dava pra formar várias imagens, então ficava avaliando quantas imagens podia formar. Via ali quadrados, estrelas, cubos e por fim um chão. As vezes cochilava. Eu deveria ser chato, não largava a barra da saia de mãe. Infinita aquela missa. Eles distribuíam um jornalzinho e uma folha de canto pra acompanhar a missa, mas mamãe nunca pegava, não sabia ler bem. As vezes pegava pra ver uma figura que representava a leitura principal. O melhor mesmo era o fim da missa. É no fim da missa papai passava na cigarreira e comprava balas para nós. Quando ele estava bom mesmo. Ai quando chegava na bodega de Neco de Leopoldo ele comprava refrigerante, nossa que delícia tomar aquele refresco cheio de gás. Sempre ao fim vinha aquele arroto forte que chegava a tirar uma lágrima. Pai as vezes comprava pão. Iamos pra casa então. Papai e mamãe cheio de Deus e nós cheios de gás. Depois que cresci vendo meus pais indo para a igreja sempre, aprendi a ler, comecei a acompanhar no jornal o ritual, aprendi a me benzer quando entrava na igreja, não era educado não, mas mamãe me ensinou a dar o lugar aos mais velhos não entendia o porquê. Depois aprendi, passei a gostar da missa, ainda mais depois que comecei a ver as menininhas que estavam por lá. Criei respeito por Deus, ainda mais com com aquele cristo cruscificado na cruz por mim. Que sacrifício pensava. Sou pecador. Pensava se for pra missa deus vai realizar todos meus sonhos. Aprendi a pedir a deus depois que rezava, antes de dormir. Tenho minha formação católica, mas hoje eu sou católico.

verão

Sai de casa no fim da tarde,
o sol estava tão quente,
o céu tão azul
com algumas nuvens de algodão.

Sai a pedalar,
sentindo o vento no rosto,
e vendo intenso verde
das árvores.
verde tão intenso que chega a brilhar.

passo a praça,
quando chego perto
do convento,
toca o sino indicando,
a hora do anjo,

hora em que a natureza se recolhe.

dobra o sino,

avisando
que a noite já vem,

mas as árvores não estão nem ai,

brilham,
sentem o calor do verão.

sol cadê voce?

O dia nasceu,
mas o sol não apareceu,
o galo não cantou,
só o sanhaçu e o sabiá.

As nuvens apareceram escuras,
avisando já vem a chuva.

hum que calor!

Abro a porta,
sinto o mundo abafado.

o dia nasceu,
mas o sol não apareceu.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

viver

Mais um dia,
mais uma noite,
e assim se vai a vida,
e assim vivemos a vida.

entre altos,
entre baixos,

vamos suportando as dores,
ganhando alguns risos,

dia,
noite,

tédio,

ociosidade,

vida vida vida v i d a.

poesia

O canto das aves é uma doce poesia!

Cantador

Quando o celular me acordou, não me despertou sozinho. O que realmente me despertou foi um galo cantador apareceu na vizinhança. Cantou um canto forte. Que lindo canto! deve ser um galo e dos grandes. Um galo dominante. Cantou várias vezes. Depois sonorizou uma cantarada de pássaros que abriu meu dia. Acordei com um brilho no coração.

domingo, 24 de outubro de 2010

Vida

Que incerta é a vida,
tentando sobreviver,
a cada dia.
Que incerta é a vida,
vencendo obstáculos de
cada dia.
Essa luta pela vida,
quotidiana que vence que perde.
Essa vida sem sentido,
essa vida que si vive.
dia a dia.
Dia de vitória,
dia de derrota,
faz parte da vida,
essa vida contínua,
que perfaz dia a dia,
Essa vida linear,
que segue sempre em frente,
que apaga, faz esquecer os rastros do ontem,
que projeta os rastros do amanhã.
É a viva que pulsa,
que nos faz viver,
que nos experimenta,
que nos ensina a vencer e a perder,
que nos ensina que viver é sublime,
que da mais armada planta,
mais bela flor desabrocha,
vida com seus encantos e desencantos.
Cheia de luz cheia de trevas,
amores e desamores,
felicidades e infelicidades,
simplismente,

vida.

Férias de fim de ano

Férias

Minhas primeiras férias só na casa de parentes aconteceu no fim do ano dezembro de 1991, tinha apenas 12 anos. Acabara de concluir a quinta serie do ginásio, foi um ano muito difícil, fiquei de recuperação em matemática e português, ali naquele ano seria como cruzar o cabo da boa esperança de tamanha dificuldade. Bem fui na onda dos moleques, novos amigos que conheci e nessa ia me dando muito mal. Não gostava nem um pouco das aulas, ainda não faziam sentido pra mim. Mas o fato é que gosto de ser desacreditado, gosto sempre de atingir meus objetivos, tive que estudar mais pra passar de ano. E consegui, passei pra sexta série, bem depois eu conto, mas só pra ter uma ideia depois da sexta série tomei gosto pelos estudos. Por ter ficado de recuperação minhas férias foram menores, mas passei, não podia ficar pra trás demais, sempre era um ano atrás de minha irmã. Enfim, nessa época tinha Nevinha e tio Aldo já estava morando no sertão, lá nas Pitombeiras, eu ainda não conhecia e queria muito ir pra lá porque seria um novo lugar que iria conhecer e ficava próximo da casa de Maria filha de tio Aldo, ela tinha três filhos seria muito legal, iríamos brincar muito. Bem pra ir pra lá eu precisava pegar um carro de linha que na época era o de seu Tonho, uma F4000 na epoca eu achava muito bacana era uma 3/4 linda, já tinham mais modernas, a de seu Tonho tinha a boleia amarela com com decaultes pretos, faróis redodndos, as mais modernas tinham faróis duplos e quadrados. O quadrado era moderno pra mim. Bem no dia combinado pra ir, fazia dias que estava contando dia a dia no calendário. Acordei mais cedo pra não perder a hora, tomei o café e fiquei na área esperando, vazia um friozinho gostoso, a luz do sol despontava no nascente, o céu estava crepuscular, era aurora, a luz dos postes ainda estavam acesas. As galinhas já andavam pelo terreiro frio. Bem na frente de minha casa tinha um cajueiro onde as vezes parava vacas e faziam cocô, mamãe ficava muito irada com isso, pois todos os dias ela tinha por obrigação varrer o terreiro aquilo era sua ginástica quotidiana, varria com melosa, Stylosanthes viscosa para os conhecedores de botânica, bem como já acordamos, ela já foi fazendo a vassoura. Dai a pouco ouvimos o timbre do carro que já vinha lá por seu Mundinho ou Lolo, só podia ser por ali, pois tinha um alto ali, e bem em frente a casa de Dequin, o carro acabara de subir o alto, logo em frente a casa de Loló começava a descida, então na casa de Dequin o motorista dar uma desacelerada, e logo troca de marcha e na casa de Loló da-lhes outra marcha o carro soltava aquele timbre que avisa a quem tivesse atento. Nossa memória de timbre é muito aguçada, aprendemos fácil quem vinha só pelo timbre, logo ouvimos ai pai falou que já vinha corri pra estrada e ele veio junto, deu com a mão e o carro parou era um pau de arara, cheio de bancos uns sete ou oito, sem muito conforto, mas pra mim na época era um carro. E lá vamos nos Serra abaixo. Que felicidade, ir pro certão passar em Pau dos Ferros a maior cidade que eu conhecia, tinha até sinal de trânsito. Bem quando chegamos depois do pé da Serra o carro parou para as pessoas fazerem um lanche, estava cheio, não tinha dinheiro pra fazer lanche, além do mais a viagem demorava menos de duas horas. Depois seguimos para a cidade. Chegamos lá cedo, então quem me levou pra casa de tia foi Zezim. Ele tinha uma moto 82 vermelha de tanque redondo, era feia mas muito boa, pra época, começaram a sair as Hondas 92 as mais lindas motos. Ele ia todos os dias vender leite, então amarrou as os baldes e lá fomos nós sertão a dentro. Quando cheguei na casa das pitombeiras fiquei maravilhado que casa grande, enorme desci, não vi muita graça lá não tinha crianças, mas tinha uma televisão daria pra ver as novelas, era muito fã de novelas. Desenho que mais gostava, ah isso não daria, tia Nevinha não gostava, nem novela ela gostava muito só de jornal, como não entendia jornal nem liguei, pensei quero é ir lá pra Maria, lá tem açude, monaretas, mas bem fiquei lá em tia, foi muito gostoso, no sábado de manhã tio algo arriou a carroça numa burra branca e fomos à cidade. Que coisa boa aquela burra mais parecia uma C10, corria que era uma beleza. Tio Aldo era um homem muito bem humorado, barriga cheia, com ele não tinha miséria. Já tia Nevinha era muito nervosa, se irritava fácil, falava muito alto. Os filhos que moravam com eles era Aparecida a caçula e Nobe que fora adotado. Bem aquele dia de feira foi muito bom, fui num mercado que fiquei boquiaberto com o tamanho, nem em Serrinha, sequer em Martins, bem já tinha ido a Alexandria onde morava tia Chaga e tio Dedá, mas lá também não tinha. Uau, pensei e se me perder. Fiquei esperto de me perdesse ali estava lascado, seria um morador de ruas. Tinha muito medo de me perder. Voltamos pra casa, depois fui lá pra casa de Maria, antes fui na casa de Zé irmão de Zezim, outra casa enorme linda, com vista pra Chico Dantas uma cidadezinha e para dois açudes. Tanta água refresca o ambiente. Ah na casa que tio Aldo morava em frente tinha um açude muito grande, tinha muito peixe lá, quase todos dias que estive lá comi muito bem a comida da tia era saborosa. Era arroz da terra, peixe, carne, preá e banana. Era uma fartura. Bem a casa tinha dois lados com enormes varandas, fresco. Em frente a casa tinha um poste com luz. Certa vez foram roubar peixe no açude, mas tio Aldo escurraçou os ladrões à bala, tia Nevinha contou esse epísódio enquanto estávamos sentado na área. Tio Aldo trabalhava muito lá, e nós sentados na área ouvindo o som das siriemas. Essas férias passaram muito rápido.

sábado, 23 de outubro de 2010

Passiar só


Quando ganhei a confiança de mamãe e ela viu que já era uma pessoa responsável. Ela começou a deixar sair de casa sozinho, pra lugares longe de casa, tipo a casa de meus avós e a casa dde meus tios, claro que não ia em toda casa, mas ia na casa que tinha mais crianças, no ambiente que achava mais legal. Um dos lugares mais fascinantes no meu mundo infantil era a casa de vovó que meu tio Miguel morava lá. Achava aquele lugar mágico. Ali tudo era diferente, pois aquela casa velha ficava no pé da serra. Onde a paisagem era bem diferente de onde morávamos, no pé da serra tínhamos caatinga, mata branca, com árvores baixas e retorcidas, cinzas, e muito cardeiro, muita imburana, muita catingueira, e muitas aves que não dão na serra, lá tinha golinho, era difícil ver um golinho na serra. Lá tinha nos terreiros, tinha também rolinhas cascável que tem o corpo coberto de penas, mas aquelas penas parecem escamas, quando voam fazem um som muito bonito. Adorava ouvir seus cantos com duplo som "tou tu tou". Fazcinava-me aquelas paisagens, então aprendi a ir pra casa de Miguel que tinha cinco filhos e quando chegava lá eu era a sensação contava minhas histórias e ouvia as histórias do meninos. A mãe deles Tereza também contava histórias. Mazildo mais parece são Francisco, pois tinha uma amizade com os animais tão intensa. Ele tinha aves que ele mesmo criara, golinhas, rolinhas, bigodes, cantos de ouros, ele tinha um problema na perna. Era um menino muito inteligente, sabia das músicas que passava na rádio de cor, sabia cantar. Já Macilho era mais quieto, Maria era cheia de riso e Bibia calada. Engraçado como eles riam do que eu falava ou fazia. Chegava lá então a gente saia pra caçar de baladeira, era muito ruim de pontaria. As vezes ia a pé, as vezes de burro, mas nunca fui de bicicleta, tinha as pernas finas, mas muito rápidas, sabia de caminhos mais rápidos. Quase sempre ia no sábado, dormia lá. Gostava de dormir lá, pois dormia de rede. E dava pra ver a luz da lua entrando pelos furos das portas e janelas velhas. Acordávamos cedo, tomávamos café, tudo era só brincadeiras, no fim da tarde tinha que voltar, as voltava de carona ou voltava a pé. Chegava em casa cansado, mas feliz. Sentava na calçada mirando o horizonte. E assim foi por muito tempo, alí passei meus domingos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Concentração

Sentado sob uma árvore no alto de uma serra, miro a extensão do vale e o horizonte distante. Daqui de cima sinto o vento viajante incessante toca meus cabelos, minha pele e parte levando de mim a meu odor, deixando-me numa sensação de liberdade. Sinto a pressão de meu corpo sobre mim, o solo frio. Começo então viajar dentro da paisagem que vejo. A contemplar a luz do sol que me permite ver as cores e distinguir as formas. A ver cada parte da paisagem como uma paisagem peculiar. A sentir o cheiro do ar, ouvir o que fala a natureza confesso que quase sempre não compreendo nada, mas nada do que fala a natureza, porém mesmo assim me agrada ficar a contemplar a natureza, a ver a beleza na vida, as vezes é muito difícil, no entanto busco sempre tentar entender racionalmente, pois muitas vezes achar que compreendi, traz-me uma sensação de satisfação. Hoje que moro muito longe das paisagens que contemplava, simplesmente sinto muitas saudades. Nem sempre tive o que queria. A vida já foi muito mais difícil. Quando morava com meus pais era feliz, mas sempre quis ter mais, ser mais que foi, não era preciso ter muita coisa pra isso. E quando não podia ter, comprar nada. Simplesmente tinha que aguardar o dia chegar até eu conseguir meus objetivos. Quantas vezes não consegui, lembro que fiz três vestibular, mesmo assim nunca pensei que não seria capaz. Era difícil aceitar que não seria daquela vez que eu entraria na universidade, mas fazer o que. Restava esperar e estudar. Lembro que certa vez saiu o resultado e não passara, no mesmo dia comecei a estudar. Quando ficava muito triste, pra não preocupar ninguém, eu saia a caminhar por entre matos, caminho a fim. E pensava eu vou conseguir. Caminhava olhando pro poente, contemplando o sol, as nuanças da natureza que me cercava. Triste, sentava e contemplava, comentava pro sol que um dia eu iria conseguir. Tinha que me convencer que era possível, por isso pensava, acreditava. Preciso ser forte e acreditar mais que nunca que tudo valeu a pena, que cada tijolo que carreguei serviu pra construir minha morada. Hoje descobri que não preciso de morada, pois somos viajantes e devemos sempre viajar.

Indagação

Tenho amigos que já me perguntaram diversas vezes se eu pudesse fazer algo naquele momento o que gostaria de está fazendo? Confesso que nunca tive uma resposta pronta, porque pra mim o que interessa é o presente. Bem essa seria uma resposta racional e rápida. Em companhia de alguém não sentimos solidão, mesmo que seja alguém que não gostamos, pois temos outros sentimentos que vão além da solidão. Mas e se estou em casa e o fim de semana chegou, estou só, faz calor, estou com sono. Como iria responder a tal questão. Talvez gostaria de está com a namorada, com os amigos, qualquer coisa menos sentir solidão. Não adianta, somos seres solitários. Nascemos só, vivemos só com nossos pensamentos, muitas vezes não nos suportamos, queremos fugir de nós mesmos. Sentimos saudades de sermos nós mesmos. Somos seres extremamente sentimentais. É a partir de nossas sensações que construímos o mundo. O meu mundo é extremamente subjetivo, converso muito comigo mesmo em pensamento, e não conheço a mim mesmo. Agora conheço a importância do conheça a ti mesmo. Não consigo idealizar onde eu estaria agora, acho isso tão egoísta. Acho que sempre fugirei pela tangente. Gostaria de está aqui e agora. É extremamente brilhante a capacidade que algumas pessoas tem de idealizar as coisas, potencializar os desejos, fazer planos. Por que será que comigo isso não acontece? Sei que estou sendo redundante, mas porque não penso em algo bom? por que evito de pensar? um dia quem sabe isso não acontecerá?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

galo de campina

O magestoso galo de campina canta,
quando canta a natureza cala,
seu expressivo canto desperta a caatinga,
cabeça vermelha, bico de prata, corpo criso,
canta.
Sorte de quem vive no sertão
desperta ao som de uma orquestra,
corrupião, cabeça vermelho e rolinhas.
O magestoso, faz uma cantarada...
desperta a madrugada.

Acorda

Ainda me lembro, ouvir papai carinhosamente me chamar dizendo que o burro já estava arriado, era hora de buscar água. Era um gesto de muito carinho, pois ele acordava mais cedo ia até o paieiro e trazia o animal arriava e me chamava, enquanto fazia o fogo. Vinha chamava baixinho pra não acordar as menina. O sol já despontava no nascente, mas o sono como era intenso. Nem era tão cedo, mas esta frio. Levantava, escovava os dentes, vestia uma blusa, montava no burro e segui para a gruta de Zezin, pelo menos nos primeiros meses do verão, mas se o verão se estendia tinham que ir buscar água bem mais longe, no açude do Alívio, uns 4 km, pobre dos animais que levavam aquela carga pesada no espinhaço. Tinham aqueles que tinham burro e as vezes voltava montado, mas quem tinha jegue não podia fazer essa proeza. Pobre dos jegues, mesmo magro, com pouco pra comer viva a carregar peso na casa, água, lenha e forrage. Naquele tempo o jeque era muito importante era o transporte da casa. Vou na casa de fulano, vai de jegue. Haviam aqueles que viam de longe, lá do sertão, punha dois caixotes, com peixe salgado para vender e comprar uma feirinha da semana, os pescadores e vinham de jegue. Papai quando era pequeno adiquiriu dois jegues o primeiro era preto, forte e sadio. Parece que os jeques pretos são mais fortes que os marrons, mas esse ficou velho então papai adquiriu um cinza, marrom e tinha a orelha corta, não era Gogh, mas tinha a orelha cortada, não sei por que, maldade de ocioso ou as vezes pra identificar posse. Aquele jegue da orelha cortada era muito engraçado, pois quando bebia água ficava com a língua de fora, mordia e dava coice se visse que a pessoa tava com medo ele muchava as orelhas e mordia. Depois papai foi a Pau dos Ferros e comprou um burro manso e bom de carga, mais eficiente que o jeque, então ele vendeu os jegues. O fato é que vi sempre o dia despontar no horizonte, buscando água. Achava preguiçoso quem não acordasse cedo, ficava muito feliz quando era o primeiro a chegar na fonte, ser o primeiro a terminar de por água. Depois da primeira carga tomava o café. Nosso café era rústico, dia era pão de milho como nata, tapioca com nata, broa de milho, ou broa de ovos e café com leite. E vamos lá. Vai ver mais uma que ainda precisa. Lá em casa três cargas eram suficientes, todo dia. Aprendi a importância de viver o dia, trabalhar, pois sem trabalho, sem comida e sem banho. Obrigações de criança é importante pra disciplina. Uma vida feliz.

Madrugada

Madrugada fria,
escura e vazia.

o silêncio negro da noite paulatinamente se vai.

Canta um sabiá.

o dia se rebela.

Meus olhos pensados despertam,

o relógio cobra minha atenção,

Bom dia,

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quotidiano

Quando acordei, pensei ainda estava escuro, foi difícil, mas despertei. Comi duas maçãs, tomei um banho, vesti a roupa, pus o fone no ouvido e liguei a rádio e sai pra faculdade. Sol não nascera ainda, a lua ainda era iluminada pelas luzes dos postes. Pego minha bicicleta e sigo pedalando pelas ruas frias. Segui dia adentro. Nesse dia nada de diferente aconteceu, mas ouvi uma palestra de Pondé sobre pósmodernismo. Ele falou sobre o livro Admirável mundo novo. Fui a biblioteca, procurei, quase desisti, vi uma coleção do Proust quase peguei, mas fui insistente e achei. Quantos livros tenho pra ler? Quanto desejo de aprender. Bem peguei o livro. Foi o mais emocionate do dia.
Que passou lento como uma tartaruga.

Travessuras do tempo

O tempo eterno viajante constrói e consome a matéria. A matéria viva que nos constitui está em constante metamorfose e são e estas que expressam quem somos, nossas origens. Fico abismado quando me vejo no espelho. As marcas do tempo são expressas em linhas sutis ou na ausência de algo que muito povoou minha cabeça. São tão tantas as memórias, estas denunciam meu tempo vivido. Memórias que denunciam o meu ser, uma trajetória que deixei por onde passei. Estas não só me pertencem, mas que as tem também muitas vezes não lhes interessam quase sempre são só nossas. Somos extremamente egoístas. O nosso mundo gira entorno de nos mesmos. Posso ver nos lugares onde passei imagens do que vivi, detalhes que só eu percebi. Meu mundo subjetivo tão meu, jamais prospectado por ninguém, coisas que não interessam a ninguém. Afinal o mundo que absorvi é aquele que processo, expresso e sou. Minha essência, alma e vida. Acho que só o tempo e a matéria podem me decifrar. Por isso viajo com o tempo. Um dia pararei de viajar, mas o tempo é eterno viajante.

oração

Vale a pena
parar para pensar,
parar para orar,
a vida é efêmera e nem todos os sonhos requerem de ti todo seu sangue para se realizar.
As vezes não se beneficia deste sonho, mas só se desgasta como ser.
Portanto pelo menos uma vez, para e reflete.

No âmago de tua alma encontra teu melhor, tua essência.
Sob o calor do sol ora,
sob o frio do inverno ora.

Pois é ai que encontra tua essência dentro de ti.

O deus que habita em ti aflora quando refletes sobre a vida.
Ler uma poesia.
vive a vida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Banquete dos cururus


Ah, tudo mudou lá em casa quando chegou a eletricidade. Não só para nós humanos, mas também para os sapos cururus. Eis que a luz, aquela luz clara, acesa no terreiro trouxe fartura para os cururus. Os sapos cururus, mais parecem pedras vivas com seu aspecto verruncoso, durante o verão entram em estado de estivação, ou seja, seu metabolismo reduz ao máximo possível durante longos períodos de estiagem a luminosidade e calor são tão intensos que se estes animais permanecessem expostos, chegariam desidratar até a morte. As chuvas traziam uma explosão de vida naquele lugar. Era a melhor coisa coisa que podíamos vivenciar, uma explosão de alegria, sentir o cheiro da chuva, pingo a pingo molhando o chão, as telhas e escoando, a bica chiando, quase sorrindo enchendo a cisterna. Essas águas seguiam a gravidade molhando os terreiros, desciam estrada abaixo, umedecendo o ar. Ao sentir a umidade os cururus despertavam de sono, semelhantes a múmias, amarelos ou pálidos, parecendo só ter olhos. As vezes apareciam do nada amedrontando as galinhas. Saiam de suas tocas, buracos famintos. Eis que ocorria uma explosão de vida surgem larvas de insetos e insetos adultos voam desesperados em busca do sul artificial. Aquela maravilha branca, vinda do céu, deu aos sapos um novo habitat. Sim os sapos aprenderam que no terreiro de minha casa a comida era farta, insetos aos milhares. Não precisaram mais se deslocar tanto, bastava ficar ali parado, logo caia uma presa bem em sua frente. Lepo com a língua longa, mais um, mais um. Dentro de pouco tempo os cururus ficavam gordos. E logo que as chuvas intensificavam era época de festa, sim orgias, sapos e sapas iam para os lagos copular, numa cantarola que fazia inveja a qualquer Reive. Eles estavam felizes e nós também porque bom inverno é sinal de fartura. Então no fim do dia cansado. Adorava sentar na calçada de minha casa. Pra ver os Cucurus forragear, como as estrelas no fim da tarde começava a aparecer no céu, os sapos começavam a aparecer no nosso terreiro, um, dois... Era a melhor coisa que achava ver os sapos gordos, a luz atraindo os insetos, o céu estrelado. A tecnologia facilitou a vida de todos nós homens, sapos e insetos. Aquela vida simples com horizonte que não passava do outro lado da estrada, fazia-me muito feliz, cheio de fé e amor a natureza aos sapos cururus.

Flores da vovó

Saborear

Quando era pequeno, a coisa que mais gostava na casa de minha avô Chiquinha, sem dúvida alguma, era o jardim de sua casa. No jardim tinha um pequeno pomar. Tinha também muitas carnaubeiras, acho uma planta linda. Aquela casa era muito grande, branca, Tinha quatro portas, o normal pra mim, era ter dias, tinha duas a mais; as telhas eram velhas e as linhas tinha cupim, tinha medo, achava inseguro aquilo. Era uma casa tipicamente portuguesa, paredes largas, portas enormes pintadas de azul. A frente ficava para o sul, a cozinha pro norte, no poente tinha uma varanda, que tinha um peituri muito legal, bem menor que o peituri de minha casa, eu me sentia grande ali, gostava dessa sensação de me sentir grande, a varanda era divida parte num peituri e parte num tanque grande. O chão era ensimentado, com uns ornamentos em forma geométrica, não tinha isso em minha casa, tudo que não tinha em minha casa me era estranho. Na sala de entrada, tinham cadeiras de balanço, várias, eu adorava essas cadeiras porque além de dar para balançar ainda eram confortáveis. Tinha uma foto de papai quando ainda era muito moço, sim aquela com um homem diferente pra mim. Papai tirara em São Paulo, nessa foto papai estava de bigode, nunca vi papai de bigode senão naquela moldura. E fotos do casal de avós, tinha também muitas fotos de santos. Na sala tinha um quarto onde guardava coisas de valor, na ante sala tinha um oratório, adorava ver aquele oratório, pintado de azul, enfeitado com umas fitas vermelhas. Dentro do oratório tinha imagens de São Francisco ou santo Antônio, não lembro direito, mas gostava do fato de poder abri-lo. Tinha uma mesa que ninguém nunca usava, era engraçado ter uma janela de que abria na sala de entrada. E uma cristaleira com a foto de minha prima Cristiane que morava em Brasília, adorava ver aquela foto. As cristaleiras eram objetos importantes, onde guadava a loça que só era usada em datas muito especiais. Tinha uma sala onde ficava o fogão a gás e a pratileira com vasilhas de alumínio, tinha que ter um tripé, que também abrigava vasilhas de alumínio, na vasilha de cima, as vezes guardava-se doces. E finalmente a cozinha com um fogão a lenha, pintado com tinta xadrez. No caso do fogão da casa da vovó era enorme, tinha uma gaiola com um golinha muito cantador. Eu queria uma ave como aquela, cantadeira. Gostava do café que ela sempre fazia, era sempre acompanhado por bolacha seca, adorava bolacha seca. Tinha um girau na cozinha e uma esteira. Na cozinha de vó não tinha mesa a comida era colocada sobre uma esteira feita de palha de carnaúba. No almoço punha o feijão com caldo, depois que tomava o caldo, colocava a farinha e mexia com o feijão. Em seguida vinha o arroz e um naco de carne. A sobremesa era rapadura ou doce. Os almoços na casa da vô eram sempre mais cedo. Na casa da vovô o benheiro era de palha de coqueiro, não tinha banheiro de alvenaria. ficava do lado do quintal. Quando chegava gostava de ver um per de pimenta no terreiro da cozinha. Além disso tinha uma horta sem faxina, achava estranho, pois lá em casa se tivesse uma horta sem faxina as galinhas comiam todo o coentro e a alface. Lá não acontecia isso, pois a horta era alta. Fransquim quem colocava água pra regar a horta, as vezes era Francisco. Junto da horta tinha um pé de romã, sempre queria comer uma romã, mas parece que elas nunca amadureciam. Nos terreiros de vovó tinha plantas de cheiro, como boldo e endro, erva doce para quem não conhece, gostava de mascar as folhas de endro, eram docinhas. Vovó tinha uma roseira branca. Nunca esqueci, um dia em que estava na casa dela e umas crianças vieram pedir umas rosas pra enfeitar um anjo, não sabia o que era anjo, eram crianças que morriam. Foi triste descobrir isso. Mas a casa de vovô era doce, tinha uma baixa de cana e vários pés de laranja. Quando era pequeno adorava a casa da vovó, as plantas que tinham lá eram mágica, pois eram doces e não tinham na minha casa.

Amanhecer

Amanhece, paulatinamente o sol vem vindo, aquele friozinho gelado implora pra não sairmos da cama, mas as aves convidativas, os sabiás, roxinós, doidelas, bentivis e muitos outros nos convidam pra ver o sol nascer. Quando abrimos a porta, já vemos aurora no nascente, a luz vai se espalhando pelo mundo, recolhendo o frio. Vem a minha mente as manhãs em minha casa. Manhãs ao som da passarada, do canto do galo, guiné, do relincho do jegue, mugido do gado. A manhã radiante nascia e continua nascer em qualquer lugar. A manhã é bela, elegante e cativante.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Olhar

Imagem,
aprisionas meu olhar,
traz-me a reflexão,
imagem do olhar,
quantas faces a me encarar,
faces em capas de livros,
Encaram-me Gogh, São Francisco de Assis e uma Índia.
O olhar de Assis é triste,
de Gogh indiferente,
da Índia calmo.

No fim da noite,
na noite fria,
não estou só,
eles me olham,
me chamam para conversar,
mas tenho que descançar.

boa noite queridos

discussão.

Hoje fomos almoçar como sempre, nunca depois das onze e meia. Fomos eu, o padre, João, Suzana e Marcela. Nada muito diferente do corriqueiro mesma comida, mesmos funcionários, mas a conversa era outra. Estávamos discutindo política, não era uma discussão pois todos concordamos em votar no 13. Falamos de nossos medos caso o 45 vote. Partido 45 com uma política de vender o estado, fazer o possível para encher os cofres públicos de dinheiro. Temos muitos exemplos aqui no estado de São Paulo mesmo quando era governador o que o 45 fez. Primeiro pra nós que somos universitário e prezamos pela autonomia da universidade, vimos a polícia militar invadir o campos da Usp abrindo bomba de efeito moral. Depois podemos constatar ao sair da capital que para onde pense em ir, ser obrigado a pagar pedágio a três por quatro. A quantidade de livros que foi jogada no lixo por desatenção para com a educação neste estado. A escola pública neste estado é uma das piores do país. Desvio de dinheiro do Rodoanel para caixa 2 da campanha. Isso é só o que se sabe, visto que o rio de dinheiro da campanha é subterrâneo. Saímos do RU conscientes que temos que eleger o 13. Apesar destes candidatos serem tão ruins. Apesar da corrupção. Vamos lá

Colheita


No fim do inverno que no nordeste é o fim do período de chuvas, se havia chovido bastante, era época da colheita. Sempre ajudava meu pai neste serviço que começava com a cata do feijão e terminava com a quebra do milho. A colheita de feijão se distribuía por um período longo. As vezes colhiamos vagens ainda maduras. Dava um trabalho ir ao roçado colher o feijão quando chegava em casa catar as vagens maduras, depois por pra secar e por fim depois que as vagens estavam bem secas eram armazenadas na sala da casa velha, era muito bom ver aquela sala lotada de vagem e quando acabava a colheita, marcava-se o dia da debulha. Geralmente um fim de semana. Convidava a vizinhança. Era meio que uma troca, pois no dia que as pessoas que vinham ajudar iam fazer a debulha deles, nos iamos ajudá-los também. Nesse dia pai comprava uma cachaça, mãe preparava algo pra comer. E em pouco tempo todas as vagens eram só palha e grãos. Já a colheita do milho era menos trabalhosa, depois que o mato secava, dobravamos as plantas de milho pra não perder a palha, ração para o gado, e quando as chuvas acabavam, quebravamos as espigas, faziamos montes e depois, as vezes pai tomava emprestado mais caçoas e algum animal do vizinho pra carregar tudo pra casa. Fazia aquelas rumas lindas de milho no terreiro da frente. Seguia o mesmo ritual. Gostava do cheiro da palha do milho. Nos armazenavam-na pra alimentar o gado no verão. Era uma festa. Essa época era sempre cheias de boas lembranças. Saber quantos alqueires fora colhido. Quem colhera mais. Papai sempre colhia muito legume. Dava pra alimentar nos de casa e os animais. Vida rústica mais boa.

domingo, 17 de outubro de 2010

O sanfoneiro

A sanfona

Luiz de Mundinho era um dos maiores homens de Serrinha do Canto, acho que tinha 1,90 m, era filho de mundinho. Epiléptico, gostava de tomar cana. Neto de Chicadofo um dos velhos que viveu mais em nossa comunidade. Bem Luis tinha um pé muito grande coitado pra calçar uma sandália tinha que fazer encomenda, Tyo-tyo e havaianas eram pequenas. Um homenzarão com uma voz cansada. Gente boa as vezes papai chamava ele pra trabalhar na roça, alugava o dia. Um cara grande, mas comia pouco engraçado, bom na enxada. Seu Mundinho uma vez comprou uma égua e era hilário ver aquele ganzelão montado numa égua em caminho do açude do Alívio. O maior amor do Luiz era tocar sanfona. Ele tinha uma sanfona. E a noite quando estava cansado da lida. Sentava em frente a casa de Seu Chicadofo avó e começava a tirar um som. Tirava aquele som de forró pé de serra. Era conhecido a fama de seu Mundinho quando morava na morada nova, um grande dançador. E ele tocava até chegar a noite umas nove horas. E se Recolhia. Certo dia estavamos na casa de Dezu, ouvimos o som da sanfona fomos ver o Luiz tocar. Coitado era epiléptico e teve uma crise foi triste ele cair do tamborete com a sanfona. Se tinha um feriado comprava um burrinho de cana e tocava. A música que ele mais tocava era galeguim dos oi azul. Ele dizia que tinha criado uma música "mentira cabeluda", não sei se era verdade. Bem pai as vezes passava lá e pedia pra ele cantar barriga de aluguel, ele cantava com muito gosto. Engraçado ele cantava quando acabava a música enchia o peito de ar, muito sério, não podia rir, pois ele já achava que estavam de chacota com ele. Durante muito tempo foi viciado. Dizem que ele largou do vício e se tornou protestante. Era triste ver ele certas vezes bebado. Acho que deixou a vida numa dessas caiu e bateu a cabeça. Sem dúvida foi um dos primeiros artistas que conheci. Que vive nas memórias de infância. Pessoa pacata de bem não ofende ninguém, além da comida que comia.

Esperança

As vezes não vejo motivos pra viver,
as vezes acho a vida injusta,
as vezes lutamos tanto e a morte nos vence,
ela sempre nos vencerá,
as vezes a vida dar muito brilho a algumas pessoas,
enquanto que a outras é só tristeza.

Como suportar a vida,
como suportar a vida se poucas vezes ela nos sorri,

Sorrio para a vida,
porque ela permite que eu seja,
e sendo, neste momento que sou,
eu estou vencendo na vida,
estou sorrindo dela.
As vezes ela me trás cada desespero.

Mas acordo feliz,
porque a vida sorri pra mim,
quando antes do sol nascer me acorda o sabiá,
quando passo num jardim e uma rosa sorri pra mim,
paro contemplo e retribuo com um sorriso.

As vezes ela sorri,
quando alguém com febre de viver, em toda sua necessidade sorri,
aperta minha mão e diz graças a Deus.
E me mostra o que é fé.

Assim é a vida,
assim sou eu.

Morte

Tiveram muitas coisas que marcaram minha vida, coisas boas e coisas ruins. Conheci a morte, quando era morto, conheci um corpo morto. Este cheirava a jasmim ou a rosa, leite de rosa, um desodorante barato, rosas de graça. Lembro ainda quando vi pela primeira vez um caixão, cheirava a jasmim ou perfume alma de flor. Não foi uma boa sensação pois conheci o choro da dor. Meu corpo estremeceu quando vi meu pai chorar, Raimunda era a mulher de meu tio Raimundo Souza. Vi pela primeira vez meus pais chorarem. Vi um corpo imóvel e frio sobre um caixão geométrico de pano. Desde aquele dia passei a ter medo de jasmim. Medo da morte que desconhecia. Algumas vezes a tarde saia correndo com medo de pensar na morte de meus pais. A morte eu desconhecia, mas sabia que era o fim. Tomei um medo do jasmim. Geralmente quando ia brincar e se visse um pé de jasmim, corria com medo. Medo da morte, pois a morte cheirava a jasmim. Minha tia Margarida morreu de câncer sei lá de quê não a conheci, só conheci meu primo filho dela que meus avós criaram. Ainda lembro que via meu pai fazendo a barba, ainda era pequeno. Via ele fazendo e sabia onde ele colocava o aparelho e as giletes, certo dia mamãe estava dormindo como não tinha barba, resolvi fazer o cabelo, não sei o que fiz só sei que pelei parte da cabeça. A noite fomos visitar minha tia Raimunda que estava doente de câncer de mama, lembro que ela estava num quarto escuro, lembro da chama da lamparina. Falando com minha mãe como tinha acontecido aquilo. Ela faleceu, não tenho lembranças dela viva, só do zumbido dela. Depois que ela morreu fomos lá na casa dela acho que Zé Maria seu filho ainda morava lá. Me era indiferente, pois acho que fiquei em casa. Foi fiquei lá na casa de Eliene, mamãe comprou uma garrafa de guaraná pra poder ficar lá. Talvez isso seja uma construção de minha mente, mas pode ser verdade. Lembro quando meu primeiro avó faleceu. Foi em 1988, meu já estava na escola. A professora Livani quem me falou, ou ouvi ela falando com alguém. Lembro que vi papai chegando em casa de taxi, um chevette amarelo, ele chegou chorando, abraçou minha mãe pegou umas roupas e foi pra maternidade ou pra casa de minha avó. Acho que nesta noite dormimos na casa de minha prima Neuza. No dia seguinte foi com bolinha na moto nova dele. Vi aquele carro de carregar difuntos. Vi meu avó frio sobre o cachão com quatro velas acesas. E o carro de carregar defuntos no terreiro. Foi do doado pelo prefeito Manuel Barreto de Medeiros. Bem o caixão de meu avó muito pobre era de pano, começçou até a rasgar quando estava na igreja. Foi uma tristeza, uma dor tão grande, vi meu tio Aldo chorando, todo mundo chorando. Depois daquele enterro, foi a muitos enterros e vi muitos mortos, mas não fui mais a nenhum enterro de meus outros avós. Vô Zé morreu em dia 3 de janeiro de 1993, vô Chiquinha em outubro de 1995, poucos dias depois da morte de Jailton. Lembro que era um sábado tinha colocado água a tarde, o que estranhei foi que a tarde quando colocava água uma galinha se apuleirou, achei esquisito comentei com mamãe. Era mau presságio pra nós galo cantar a noite. Bem lembro que estavamos dormindo quando Fransquim veio chorando lá em casa, no carro de Luizão bateu na porta a noite chorando e falou De Assis mãe foi pra maternindade, não resistiu e morreu. Mãe respondeu não diga e começou a chorar, me chamou pra ir com ela e eu não fui. Eu fui um fraco não fui. Pai estava em São Paulo e não pode ir ao velório. Vô era muito religiosa, depois que vô morreu ela chorava todas as vezes que iamos pra lá. Dizia que nunca se acostumava com a perda. Ela se enterrou com uma mortalha de São Francisco. Ela mesmo fez o cordão da mortalha. Vô Zé não sofreu adoeceu a tarde e faleceu na madrugada, lembro que vi meu primo passando na moto de Tio Jussieu, não tive coragem de ver mamãe chorando. Não fui ao velório. E quando vô Sinhá morreu eu não estava lá, já estava aqui.
Sei que essa história é muito triste, talvez nem tenha chegado aqui. Mas a vida é assim tem seu lado alegre e seu lado triste. A terra consumirá todos nós.

Manhãs de domingo

Manhã de domingo

Quando era criança os domingos tinham sempre um maravilhoso sabor de bolo. Não sei porque, mais os domingos era para mim o melhor dia da semana. Geralmente minhas irmãs e minha mãe dormiam um pouquinho a mais. Já eu queria mesmo era acordar mais cedo pra ver a missa, engraçado gostava da missa, mas a parte que mais me interessava era a liturgia, leituras da palavra, se perdesse a liturgia a missa perdia o sentido não me interessava muito a homilia, hora de preparação da óstia, gostada de ouvir a oratória do padre e adorava quando no final da missa o bispo fazia um discurso moral. É isso, foi ai que aprendi a gostar de filosofia, foram as lições de moral que me levaram a gostar de filosofia. Depois vinha o globo rural que me deixava maravilhado, morei no sítio até os vinte anos, e a parte de biologia no globo rural me encantava, mas antes que terminasse, bem mamãe já tinha voltado do curral com o leite. Engraçado que lá em casa papai nunca aprendeu a tirar leite, nem eu, meu irmão começou a tirar, mas antes que aperfeiçoasse na arte foi embora pra São Paulo. Mamãe punha o balde de leite sobre a mesa e já gritava pra todo mundo acordar, eu já estava vendo televisão. Mamãe era de lua dias estava uma seda, dias uma fera, preferia quando ela estava uma seda, vai saber o que modifica nosso humor.
Então ela chamava par ao café, não gostava muito se interromper o que estava assistindo, mas as vezes era preciso a grito ia pra mesa, se estivesse passando a missa ela não reclamava, mas se fosse o globo rural, tinha que ir tomar o café. Gostava dos sermões do Don Eulder porque tinha de fundo música clássica, agora sei que ouvia Bach, ás vezes mamãe implicava até em eu ver esse discurso, mamãe não entendia muito bem filosofia da moral, nem eu mas aprendi a gostar. Tinha muita fé em Deus, achava que a vida era como receita de bolo se seguisse direitinho os passos seria uma vida deliciosa e perfeita. Era muito católico e toda minha família. Bem o fato era que nas manhã de domingo tinha sempre um bolo é sim, algo diferente e delicioso. Amava bolos, aquele bolo que mamãe ou as meninas faziam era mágico, um bolos simples de ovo, mas que fazia a diferença, pois na semana comiamos sempre tapioca ou cuscus, depois passamos a consumir bolacha ou pão, mas aqueles bolos eram sempre a melhor coisa do domingo. Quando sentávamos a mesa mamãe partia o bolo e dividia entre nós, cada um comia uma bela fatia se sobrasse eu comia mais de uma acompanhado de café com leite. Adorava essa mistura encorpada meio a meio. Gostava do cheiro, da cor e do sabor do café com leite. Depois de saciado não tinha muita coisa a fazer já que tinha feito as obrigações no dia anterior. As vezes voltava a ver televisão. As vezes mamãe me levava pra passear com ela, gostava de minha companhia. Nós iamos para a casa de meus avós maternos ou paternos ou ficava em casa era uma coisa incerta. Achava engraçado quando iamos para a casa de vovô Chiquinha e encontrávamos papai lá era bom ver papai lá também, desses passeios de infância lembro bem, ainda era muito pequeno, que meus avôs da parte de papai iam sempre a missa, quando chevagamos lá eles não tinham chegado ainda, então esperavamos e achava bonito ver eles chegando, a espera era bom, gostava porque era bonito, meu avó vinha na frente com o Francisco, um primo, seguido de vovô.
As vezes iamos pra casa da vó Sinha e vô Zé Neve. Nós iamos sempre a pé, mas isso é uma outra história. Quando ficavamos em casa o dia era muito bom também. Não sei porque os domingos hoje não tem o brilho de antes. Depois que eu cresci e tenho obrigações as coisas perderam a graça.

Chuva

 A Chuva é plena, Ela nos envolve, nos aconchega, Ela é tão plena que toda a natureza se recolhe para contempla-la As aves se calam pa...

Gogh

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