quinta-feira, 24 de julho de 2014

Balé da vida

O que eu consigo ver
E tudo aquilo que consigo descrever,
Tudo aquilo que serve para expressar-me,
Eis o universo que preciso dominar.
Não necessito me expressar para viver,
Basta apenas viver.
Basta apenas consumir,
Ler, ouvir, sorrir...
É preciso muito pouco para viver.
É preciso paz e saúde e sabedoria
Para suportar a vida,
Para levar no peito alguma alegria.

Ah, as curvas elípticas de uma flor,
Sua simetria, textura, odor e cor.

A textura da areia, a cor da areia...

As propriedades da água,

A distância das estrelas...

Tudo me encanta,
Tudo evidencia minha humanidade finita,
E infinita em minhas sementes,
Esse tecido humano que se faz e desfaz,
Que se eterniza na fusão de esperma e óvulo,
geração após geração,
Geração após geração,
Nascem e morrem os grandes gênios...
E de onde surgiram os gênios
Senão de um pequeno útero frágil e feminino,
Ocultos no escuro da noite,
Oculto no pudor humano.

E a criatura ganha forma,
Ganha vida,
E esta o consome
E se renova,
Ah aqueles que se eternizam,
Mas no final todos não somos mais que estrume
Que matéria pustulenta,
Que desagrega em menos de um dia..
Vanita, de que serve.
Vitae sedes hoje,
Quem sabe amanhã.

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